sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ÓTIMO: Temendo perdas, empresários ameaçam processar governo da Bahia

Leonardo Boff: "A responsabilidade pela greve dos policiais militares deve ser tributada ao poder público"

Há sete dias do início oficial do que é considerado o maior carnaval do mundo,empresários e lojistas de Salvador fazem forte pressão sobre o governo baiano para que ceda às reivindicações do movimento grevista e anistie os líderes da paralisação, apurou a reportagem do Estado.

Para os organizadores do Carnvaval, se a greve não terminar até a próxima sexta-feira, a logística dos circuitos dos trios elétricos, a montagem dos camarotes e a própria realização da festa serão comprometidos.

Parte dos comerciantes da cidade estudam entrar com ações isoladas em várias instâncias da Justiça contra o governo do Estado como forma de pressionar o governador Jaques Wagner (PT) a ceder.

Prejuízo. Em reunião hoje pela manhã, membros do comitê organizador do Carnaval e dirigentes lojistas da cidade estimaram em R$ 400 milhões os prejuízos até agora. Centenas de reservas em hotéis já foram canceladas e lojas em vários pontos da cidade funcionam com portas semi-abertas.

Na noite de terça-feira, 7, dia em que tradicionalmente o Olodum se apresenta no Pelourinho, um dos principais destinos turísticos da cidade, o lugar ficou vazio. Com a apresentação cancelada, poucos homens do Exército, alguns estrangeiros e muitos usuários de droga circulavam pela região.

Lojas e restaurantes estavam fechados. O dono de uma barraca de bebidas lamentava a falta de movimento. “Trabalho há 20 anos por aqui e nunca vi uma véspera de Carnaval tão vazia, mesmo que a greve acabe, teremos prejuízo para todo o ano”, disse comerciante Élcio Alves de Souza.

Publicidade. Policiais Militares consideram um afronte comercial divulgadomassivamente pelo governo baiano, em redes de rádio, televisão e na internet, anunciando que a corporação terá aumento de cerca de 38%, incorporando as gratificações e o aumento retroativo a janeiro de 6,5%. Os PMs acusam o governo de tentar jogar a população contra o movimento.

Insegurança. Por volta do meio-dia desta quarta-feira, 8, um homem foi esfaqueado na avenida Paralela, a principal de Salvador, que faz a ligação do centro com o aeroporto. Uma equipe do Samu socorreu a vítima e não há informações sobre seu estado de saúde.

Rumores de que a PM estava fechando a via causou princípio de tumulto na região. Comerciantes cerraram portas e houve correria.

Matéria originalmente publicada no jornal Estadão.com

EXCELENTE: Greve da PM pode se alastrar para 6 Estados

O governo federal vê risco elevado da greve da PM baiana se alastrar para mais seis Estados. O Rio é considerado o mais crítico de todos eles, inclusive pelo temor de haver cenas violentas às vésperas do Carnaval, daqui a dez dias.

Além do Rio, onde a polícia decide amanhã se para ou não, o serviço de inteligência do Palácio do Planalto classifica como "Estados explosivos" Pará, Paraná, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. O acompanhamento começou após os conflitos se agravarem em Salvador, onde a greve dos PMs foi decretada na terça da semana passada.

O governo federal monitora ainda o Distrito Federal, que ontem registrou protesto de apoio aos PMs da Bahia.

"Se não tiver aumento, não terá segurança no Carnaval. Se está ruim em Brasília, imagina em outros Estados?", disse o sargento Edvaldo Farias, da Associação dos Oficiais Administrativos da PM. O piso brasiliense, de R$ 4.000, é o maior do país. Na Bahia, por exemplo, ele é de R$ 2.173,87.

A presidente Dilma Rousseff foi comunicada na sexta de que o levante baiano fazia parte de uma articulação nacional para pressionar o governo a apoiar, no Congresso, a aprovação da PEC 300. A proposta de emenda constitucional estabelece um piso salarial para bombeiros e PMs. O problema é que, por limitações de verba, nem Estados nem a União estão dispostos a bancar a medida.

Ontem, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu adiar para amanhã, mesmo dia em que os policiais do Estado decidirão ou não pela greve, a votação da proposta do governo estadual de reajuste para as polícias. Há representantes de policiais fluminenses em Salvador. A ideia é verificar as ações do governo federal, além de conversar com líderes do movimento e com os policiais que não aderiram a ele.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de São Paulo

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

LAMENTÁVEL: Dilma Rousseff apoia repressão contra PMs grevistas na Bahia

Presidente esquece promessas de campanha e afirma que é preciso esvaziar o movimento


BRASÍLIA - O Palácio do Planalto decidiu dar uma demonstração de força contra a greve dos policiais militares na Bahia. O objetivo é enfraquecer o movimento e evitar que essas mobilizações se alastrem por outros estados. A presidente Dilma Rousseff ofereceu ao governador Jaques Wagner (PT-BA) tudo o que foi pedido: soldados do Exército, a Força de Segurança Nacional e até um grupo de elite da Polícia Federal. A ordem é fortalecer a parceria das forças nacionais com o governo baiano no enfrentamento com os grevistas.- A intenção é mostrar que há Estado no Brasil - resumiu um ministro próximo de Dilma.

No Palácio do Planalto, há grande preocupação com as consequências da greve na Bahia e com a situação nas ruas de Salvador. A decisão de mandar ao estado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teve como objetivo mostrar força do governo federal na Bahia. Segundo interlocutores, Dilma afirmou que é preciso esvaziar o movimento grevista.

O Planalto identificou que há um movimento nacional por trás das greves, que já ocorreram no Ceará e no Maranhão. O objetivo, segundo essa avaliação, é forçar a aprovação da PEC 300, que estabelece um piso nacional para policias militares e bombeiros. Mas a determinação no Palácio do Planalto é barrar a votação da PECno Congresso. Nesta segunda-feira, um interlocutor de Dilma lembrou que, se aPEC for aprovada, quebrará metade dos estados brasileiros.

Dilma tem acompanhado a greve na Bahia desde o princípio, já que Jaques Wagner estava com ela na viagem a Cuba e ao Haiti, na semana passada, quando começou o movimento. A reação palaciana ganhou apoio até de governadores de oposição.

- É preciso estancar esse movimento grevista na Bahia. O governo não pode negociar sob pressão, com desmandos em série e atos que não são recomendáveis. Porque o que acontecer na Bahia será sinalização para o país - disse o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB).

Matéria originalmente publicada no Globo Online

Charge - Aroeira


CARA DE PAU: Cabral diz que está tudo bem e afirma que não haverá greve de policiais e bombeiros no Rio

Governador que paga o pior salário do Brasil aos servidores não acredita na paralisação

Jornal do Brasil

RIO - Em entrevista à rádio CBN, na manhã desta segunda-feira, o governador do Rio, Sergio Cabral, disse que não acredita na possibilidade de uma greve de policiais militares e bombeiros a partir da próxima sexta-feira, dia em que começa a operação Carnaval em todo o estado.

"No Rio, há comando, há respeito da corporação a esse comando, e garanto que nossos profissionais de segurança têm consciência de que o serviço deles é essencial", afirmou Cabral.

Apesar disso, o governador concorda com o colega baiano, Jaques Wagner, e disse que pode existir um movimento para levar a greve de policiais, que começou na Bahia na semana passada, a todo o país.

Matéria originalmente publicada no Jornal do Brasil

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Governo Sérgio Cabral paga o PIOR salário do Brasil aos policiais civis

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

GREVE DA PM NA BAHIA: O assassino do povo cubano e os assassinos do povo baiano

Governador Jaques Wagner passeando com Dilma em Cuba durante o movimento grevista

Leonardo Boff: A responsabilidade pela greve dos policiais militares deve ser tributada ao poder público


No Brasil não há crise de segurança para o sistema do capital, para as finanças, para os bancos, para os credores da dívida pública, para os poderosos que se cercam de seguranças privados.

Mas não há segurança para aqueles que são responsáveis pela segurança pública: os policiais militares. Pelo fato de não terem a segurança de um salário decente, de condições de trabalho adequadas e de trato digno por parte do poder público, se rebelam como aconteceu neste ano no Ceará e agora na Bahia. Com os humilhantes salários que recebem, pouco mais de dois mínimos, que segurança podem dar a suas famílias que tem que pagar aluguel, escola, transporte, luz, água e alimentação?

A responsabilidade maior pela insegurança pública que se instalou em razão da greve dos policiais militares, com assassinatos e depredações, deve ser tributada principalmente ao poder público, que não soube ouvir e dialogar de verdade e não retoricamente, antecipando-se aos fatos lamentáveis.

Que diálogo e negociação são possíveis e críveis quando se responde com a arma da violência, pondo militares contra militares? É uma estratégia da ignorância política e da prepotência, totalmente ineficaz porque agrava ainda mais o problema em vez de encaminhar uma solução. Por que não se aprova a PEC 300? Os governos federal e os estaduais se uniram para protelá-la e esvaziá-la.

Usem os 60 bilhões de reais, subtraídos do orçamento, para aumentar os salários deles, ao invés de dar segurança aos credores. O que conta mais, as pessoas ou os dinheiros ricos epulões? Esse dinheiro do povo é para servir ao povo, garantindo-lhe segurança confiável e respeitosa. Seguindo esta indicação do bom-senso, se acabam as rebeliões e os policiais terão a paz e o sossego necessários para desempenhar com sentido público e com honradez a sua alta e arriscada missão.

* Ecoteólogo e escritor

Artigo originalmente publicado no Jornal do Brasil