O Globo Online
A devastação do Bairro Campo Grande, em Teresópolis depois dos temporais de janeiro |
Criada também com a finalidade de desenvolver ações para se antecipar aos desastres naturais, a Secretaria estadual de Defesa Civil reservou recursos no orçamento de 2012 para este propósito. Mas, pelos números, não há o que comemorar. O órgão pretende aplicar R$ 57,6 milhões em projetos de ampliação de sua capacidade de atendimento. Deste total, apenas R$ 980 mil, ou seja, 1,7%, serão destinados ao programa "prevenção de desastres". O restante do orçamento da Defesa Civil vai para pagamento de pessoal, manutenção do Corpo de Bombeiros e compra de carros e equipamentos. A maior parte dos recursos vem do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), formado pela cobrança da taxa de incêndio.
Moradores querem pressionar governos
O valor para prevenção, que a própria secretaria reconhece como "insuficiente", chega ser uma contradição com o que preconiza o Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 do governo, que identifica todas as metas e prioridades para os próximos quatro anos. Pelo documento, a Defesa Civil tem como objetivo "promover a redução de desastres com ações nas áreas de prevenção, preparação para as emergências e resposta, incluindo a prestação de socorros diversos à população". Pelo PPA, os R$ 980 mil serão aplicados no programa "preparação para emergência e desastres", cuja meta é realizar 23 cursos de defesa civil e apoio a 40 unidades de Defesa Civil nos municípios. Até o fim de 2015, o objetivo é realizar 115 cursos e treinar agentes de 70 unidades municipais, especialmente de cidades que não contam com estrutura mínima de atendimento à população. As equipes das cidades da Região Serrana, onde já foram identificadas 40 áreas de risco, também devem ser beneficiadas.
Mas é a proposta orçamentária da Secretaria e os recursos para a prevenção que deixam ainda mais preocupados os moradores da Serra. O presidente da Associação de Vítimas das chuvas em Teresópolis, Joel Caldeira, diz que a tempestade do fim de semana passado deixou moradores assustados, pois houve pequenos deslizamentos de terra e alagamento de ruas. Ele diz que os moradores farão uma audiência pública no dia 28 para pressionar o governo do estado e a prefeitura a acelerarem a aplicação de recursos na recuperação do município e na prevenção das tragédias.