Governador saiu pela tangente dizendo que favela vaiou crianças de “comunidades rivais”
R7.com
RIO - Com a inauguração da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), a Mangueira, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, está preparada para receber R$ 100 milhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como anunciou nesta quinta-feira (3) o governador Sérgio Cabral (PMDB). A cerimônia de abertura da unidade foi marcada por euforia, pelo anúncio do governo, mas também por vaias, pela presença de pessoas de outras favelas.
Cabral ficou surpreso com vaias da comunidade, que não foram para ele. O governador levou quatro crianças para a solenidade – duas do morro dos Macacos e duas do morro da Formiga – que conquistaram medalhas no Campeonato Sul-Americano de caratê. A ideia de Cabral era mostrar à população da Mangueira bons exemplos de outras comunidades também pacificadas. Contudo, o plano quase não deu certo porque a multidão vaiou as crianças, o que causou revolta no governador.
- Vocês vão vaiar por que é dos Macacos? Agora não tem mais isso não. É o fim da cultura do medo e dessa rivalidade boba. Não tem mais comando verde, comando azul, quarto ou quinto comando. Agora só tem o comando da paz.
Depois da declaração de Cabral, todos aplaudiram as crianças atletas.
O secretário de Segurança Pública também esteve na inauguração da 18ª UPP da capital. Ele demonstrou satisfação com a conquista do território pelas forças da segurança.
- Não foi fácil tornar essa UPP realidade, mas hoje é algo concreto.
A UPP da Mangueira terá ainda outros três postos de apoio no Tuiuti, Telégrafo e Buraco Quente.
Para receber o governador nesta quinta, a comunidade recebeu um “banho de loja”: garis intensificaram a coleta de lixo e entulho, de capina de mato e varrição de ruas no entorno da Candelária. Funcionários da Secretaria de Conservação também atuaram nas imediações, pavimentando trechos esburacados e trocando lâmpadas.
Ex-comandante da UPP do Pavão Pavãozinho/Cantagalo, na zona sul, o capitão Leonardo Nogueira, de 32 anos, assumiu o comando da Mangueira, comunidade que ele admitiu não conhecer ainda.
Embora tenha ouvido relatos de policiais do Bope sobre a resistência dos moradores à presença da polícia, Nogueira parece encarar com serenidade o desafio de conquistar uma comunidade que têm em seu histórico uma relação bastante conflituosa com a PM.
- O Bope tem nos informado que a relação inicial foi bem complicada. Ainda não conheço toda a comunidade, mas posso dizer que por onde andei tive uma receptividade muito boa.
O capitão explica que a estratégia inicial será a mesma das demais UPPs: a ocupação de todos os territórios em um primeiro momento para então iniciar o chamado policiamento comunitário e de “proximidade”.
- Primeiro faremos aquilo que é necessário, que é ocupar todos os espaços. Depois virão os projetos sociais de música e esporte. Vamos reproduzir tudo o que fizemos na zona sul.