segunda-feira, 19 de março de 2012

A DITADURA CABRAL: “Caveiras” que pararam em greve são banidos do Bope até o fim da carreira


RIO - A PM afastou do Bope, até o fim da carreira, os 51 integrantes de sua Companhia Bravo, por terem se rebelado e se recusado a cumprir ordem de ir ao Quartel-General, aderindo à paralisação dos policiais militares, em 10 de fevereiro. A Bravo é uma das quatro companhias operacionais da unidade de elite da corporação, que atualmente tem cerca de 400 homens.

Foi considerada grave quebra de confiança, porque o policial do Bope não pode ser recusar a cumprir missão. Daí o castigo de nunca mais poder ser da unidade de Operações Especiais, considerado o pior possivel, aos olhos dos "caveiras".

Todos os policiais transferidos do Bope vão perder a gratificação da unidade, de R$ 1.500 e – o pior, na opinião dos “caveiras” – ficarão fora do Bope até o fim da carreira, como exemplo para a tropa. O afastamento eterno da unidade de operações especiais - uma espécie de "irmandade", com seus códigos próprios e camaradagem - é visto como um exílio dentro da corporação.

O Bope e o Choque são as tropas de reserva do Comando-Geral da PM e, portanto, consideradas unidades de confiança da chefia. A recusa à ordem de se apresentar ao QG, foi considerada pela PM um ato deinsubordinação, daí a punição dura.

Como o Bope é referência para os policiais, qualquer ação de seus membros tem grande repercussão sobre os colegas. A intenção é que a sanção sirva como exemplo para todos os policiais e para os oficiais jovens, a fim de desencorajar novas ações grevistas.

A determinação foi passada à equipe de plantão pelo comando da unidade, na noite em que PMs e bombeiros estavam reunidos na Cinelândia para declarar greve, que se iniciaria à meia-noite. A companhia se recusou a sair do quartel, em Laranjeiras.

De acordo com os policiais, eles não concordavam em reprimir os colegas de farda, pleiteando aumento salarial. Eles justificam que queriam evitar afrontar os outros PMs e parecer estar contra eles e provocar, talvez, confusão.

Duas horas de discussões em tom duro, gritos e ameaças de punição

Foram necessárias duas horas de discussões intensas no batalhão entre os oficiais do comando da unidade e a companhia Bravo, em tom duro, com gritos de lado a lado e ameaças de punição até que a equipe aceitasse sair e ir até o QG.

Perder uma equipe experiente, cortando na própria carne, está sendo traumático para o Bope. Os PMs afastados tinham anos de Bope e estiveram envolvidos em praticamente todas as grandes ações da unidade de elite. A ideia da PM é que “ninguém é insubstituível”.

Matéria originalmente publicada no Último Segundo