segunda-feira, 19 de março de 2012

A DITADURA CABRAL: Depois da greve, "governador" do Rio faz um ano de transferências no Bope em um só dia


RIO - Em um único dia de transferências de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para outras unidades, a Polícia Militar atingiu a mesma quantidade de remanejamentos feitos durante todo o ano de 2011. As saídas em massa ocorreram em 6 de março, quando foram publicados no boletim interno da PM os nomes de 32 caveiras — 22 deles transferidos para batalhões no interior, a até 300 quilômetros da capital.

O aumento sistemático de transferências ocorreu entre 14 de fevereiro e a última quinta-feira. Nesse intervalo, 69 policiais com cursos em ações de combate, tiro de precisão e resgate de reféns deixaram a tropa de elite para trabalhar em batalhões comuns.

As saídas se intensificaram cinco dias após a manifestação na Cinelândia, no Centro do Rio, que deu início à greve das polícias. Na ocasião, a equipe Bravo foi chamada pelo comando-geral da PM para reprimir a manifestação. Mas os caveiras se negaram a cumprir a ordem. De lá para cá, os policiais que estavam de plantão começaram a deixar o Bope.

Mudanças para longe

A equipe Bravo começou a ser dizimada. E os seus integrantes, mandados para batalhões distantes. É a chamada "punição geográfica", feita com transferências distantes como forma de penalizar servidores que participam de movimentos favoráveis a greves. Em 2011, todos os policiais que deixaram o Bope se dividiram entre batalhões na região metropolitana e unidades administrativas. Apenas dois foram para a Baixada.

Este ano, do total de transferidos após a greve, 38 foram obrigados a deixar o Rio. Dezesseis foram para batalhões na Baixada e dois foram para o 35º BPM (Itaboraí). No boletim de 6 de março, 22 policiais foram remanejados para batalhões distantes, como o 8º BPM (Campos dos Goytacazes) e o 32º BPM (Macaé). Sem a gratificação de R$ 1,5 mil paga a PMs do Bope, alguns transferidos foram obrigados a dividir os gastos com gasolina, para economizar em passagens de ônibus.

— Se não fizermos isso, vamos trabalhar apenas para pagar passagem — disse um policial, que não se identificou.

Com 69 transferências em apenas 30 dias, registradas até a última quinta-feira, foram mais de dois policiais do Bope remanejados por dia no período. Por dia, a média é mais de 25 vezes maior frente ao ano passado. As transferências repentinas deixaram um buraco na tropa, composta por cerca de 400 homens, de acordo com o site da PM. Com as transferências, o Bope perdeu 17,25% do efetivo.

Matéria originalmente publicada no Extra Online