quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Primeiro mês após a reeleição de Dilma mostra que 2º mandato já nasceu velho e ultrapassado

Estamos vivendo o 1º mês de uma "nova era". O 1º mês de um Brasil novo, o 1º mês de um Brasil que vai mudar, o 1º mês do Brasil paraíso, o 1º mês do Brasil solução dos problemas, o 1º mês do Brasil consciente e por aí vai. Estamos vivendo, portanto, neste 1º mês uma "nova realidade". Até o dia 26 de outubro, vivíamos a expectativa de saber quem conduziria essa "nova realidade" prometida pelos candidatos durante toda a campanha eleitoral. Essa escolha foi decidida soberanamente pelos eleitores brasileiros, numa votação apertada como nunca havíamos visto.

Imagem: Reprodução / InfoMoney

Vivemos uma campanha eleitoral cheia de altos e baixos, ataques, ofensas, armadilhas retóricas, golpes abaixo da cintura etc e tal. Enfim, teve de tudo. Tanto de tudo teve, que o nível de interesse da população nesta eleição foi inédito. Parece que esta campanha eleitoral mostrou um interesse maior da população pela política, especialmente entre os mais jovens, e consolidou a entrada da internet no processo de uma forma que não se viu em 2010.

O que fez essa eleição? O que fez essa campanha eleitoral? Ela produziu um jogo com uma taxa de polarização nunca vista antes, com ingredientes adicionais que só a internet e suas redes sociais poderiam imprimir. E a tendência é que ela se expanda, cada vez mais, nesse sentido. A parte boa desse processo, claro, é ainda uma hipótese, mas uma hipótese muito positiva de que, talvez, tenhamos um povo, que sai dessa eleição, com um interesse aumentado pelo assunto chamado política. Um interesse aumentado com uma taxa de senso crítico elevada também. Talvez esse tenha sido o ganho real que essa eleição produziu.

Por que isso? Porque uma sociedade politizada, atenta à política, não é necessariamente uma sociedade que faz o jogo dos políticos ou dos partidos. Mas sim uma sociedade que, sendo politizada, fará com que os políticos e os partidos façam o seu jogo, ou seja, mais do que tem feito até agora. Tenho a esperança de que, não apenas uma nova geração de brasileiros jovens, como toda a sociedade, tenha se aproximado de forma permanente e crescente do assunto política.

Pergunto a você ilustre eleitor-contribuinte o seguinte: Por que a política e os políticos do Uruguai, da Argentina e do Chile são diferentes? Por que nesses países a política não é como aqui no Brasil? Por que lá não é assim? Porque os uruguaios, os argentinos e os chilenos são povos politizados. Povos que têm na política algo que está incorporado em suas rotinas diárias. Eles sabem o quanto é importante que a política seja gerida pela sociedade, eles sabem o quanto é importante que a política seja ditada no ritmo e nos padrões impostos pela sociedade. Então, precisamos, aqui no Brasil, viver e fazer política como sociedade, porque se não fizermos, eles, como tem sido até agora, o farão sozinhos. E aí, farão como têm feito historicamente nas últimas 20 eleições.