quarta-feira, 26 de novembro de 2014

E se Aécio tivesse derrotado Dilma?

Minha gente, está escrevendo aqui alguém que acha a Dilma e o Aécio absolutamente iguais. Só não são iguais nas roupas que usam porque não cabe um no outro. Tirando isso, eles são de uma mesma lógica moral, de uma mesma moral política e de uma mesma escala de valores que faz com que se aliem a todo tipo de escória, só para lhes dar alguma vantagem no jogo do poder. 

Imagem: Reprodução / O Globo

Eles são de uma mesma escala de valores que faz com que a corrupção sobreviva em seus governos, como sobreviveu e ainda sobrevive, na era tucana em São Paulo. Como sobreviveu no mensalão tucano em Minas Gerais, ou seja, do mesmo jeito que prospera na era petista. Eles são iguais, não ele e ela como figura física de seus CPFs, não. Mas sim o que eles representam que é a mesma coisa.

Tenho a impressão muito forte de que, se Aécio tivesse derrotado Dilma não aconteceria nada, não mudaria nada. Não é por causa do Aécio, acho que não aconteceria também se fosse a Marina. Tenho sérias dúvidas se vai acontecer alguma mudança na reeleição de Dilma. Sabe por quê? Porque acho que não é pela via eleitoral que vamos conseguir as mudanças, mas sim pelo crescimento dos movimentos populares de massa nas ruas. Não é seu partido contra o meu, não sou eu contra você. Somos nós dois entendendo que os políticos brasileiros são a mesma coisa e que isso não nos interessa mais.

Tive a esperança que as manifestações de 2013 fossem produzir essa consequência, mas não produziram. Tenho pouca esperança de que Dilma representará uma mudança nesse status que tanto nos aflige. Como também não creio que Aécio pudesse ou quisesse fazê-lo.

Portanto, o jogo está jogado. E como todo jogo, há um vencedor e um perdedor. Em vez do derrotado ficar tentando esculhambar o vencedor, ele tem que fazer por onde para vencer o próximo jogo. É assim que tem que ser, é assim que funciona. No mais, só resta torcer para que o jogo seja bom, porque um mau governo é ruim pra todo mundo. Então, o que eu quero agora é que a partida prospere, porque todo mundo precisa que esse jogo seja bom e que o país melhore, pouco me importa sob o governo de quem ele esteja.

Primeiro mês após a reeleição de Dilma mostra que 2º mandato já nasceu velho e ultrapassado

Estamos vivendo o 1º mês de uma "nova era". O 1º mês de um Brasil novo, o 1º mês de um Brasil que vai mudar, o 1º mês do Brasil paraíso, o 1º mês do Brasil solução dos problemas, o 1º mês do Brasil consciente e por aí vai. Estamos vivendo, portanto, neste 1º mês uma "nova realidade". Até o dia 26 de outubro, vivíamos a expectativa de saber quem conduziria essa "nova realidade" prometida pelos candidatos durante toda a campanha eleitoral. Essa escolha foi decidida soberanamente pelos eleitores brasileiros, numa votação apertada como nunca havíamos visto.

Imagem: Reprodução / InfoMoney

Vivemos uma campanha eleitoral cheia de altos e baixos, ataques, ofensas, armadilhas retóricas, golpes abaixo da cintura etc e tal. Enfim, teve de tudo. Tanto de tudo teve, que o nível de interesse da população nesta eleição foi inédito. Parece que esta campanha eleitoral mostrou um interesse maior da população pela política, especialmente entre os mais jovens, e consolidou a entrada da internet no processo de uma forma que não se viu em 2010.

O que fez essa eleição? O que fez essa campanha eleitoral? Ela produziu um jogo com uma taxa de polarização nunca vista antes, com ingredientes adicionais que só a internet e suas redes sociais poderiam imprimir. E a tendência é que ela se expanda, cada vez mais, nesse sentido. A parte boa desse processo, claro, é ainda uma hipótese, mas uma hipótese muito positiva de que, talvez, tenhamos um povo, que sai dessa eleição, com um interesse aumentado pelo assunto chamado política. Um interesse aumentado com uma taxa de senso crítico elevada também. Talvez esse tenha sido o ganho real que essa eleição produziu.

Por que isso? Porque uma sociedade politizada, atenta à política, não é necessariamente uma sociedade que faz o jogo dos políticos ou dos partidos. Mas sim uma sociedade que, sendo politizada, fará com que os políticos e os partidos façam o seu jogo, ou seja, mais do que tem feito até agora. Tenho a esperança de que, não apenas uma nova geração de brasileiros jovens, como toda a sociedade, tenha se aproximado de forma permanente e crescente do assunto política.

Pergunto a você ilustre eleitor-contribuinte o seguinte: Por que a política e os políticos do Uruguai, da Argentina e do Chile são diferentes? Por que nesses países a política não é como aqui no Brasil? Por que lá não é assim? Porque os uruguaios, os argentinos e os chilenos são povos politizados. Povos que têm na política algo que está incorporado em suas rotinas diárias. Eles sabem o quanto é importante que a política seja gerida pela sociedade, eles sabem o quanto é importante que a política seja ditada no ritmo e nos padrões impostos pela sociedade. Então, precisamos, aqui no Brasil, viver e fazer política como sociedade, porque se não fizermos, eles, como tem sido até agora, o farão sozinhos. E aí, farão como têm feito historicamente nas últimas 20 eleições.