sábado, 28 de janeiro de 2012

LAMENTÁVEL: Brasil cai 41 posições em ranking sobre liberdade de imprensa

Resultado reflete a violência da região nordeste, a corrupção e o crime organizado

RIO - O Brasil perdeu 41 postos na classificação anual da organização Repórteres Sem Fronteiras sobre liberdade de imprensa. Agora, o país ocupa a posição número 99. A grande perda de posições se deve, essencialmente, por causa da violência que a imprensa sofre na região nordeste e na zona que faz fronteira com o Paraguai.

A organização lembrou que três repórteres morreram no Brasil em 2011. O país também é prejudicado pela corrupção local, a atividade do crime organizado e os atentados contra o meio ambiente, todos eles perigosos para os jornalistas.

Há dez dias, a entidade International News Safety Institute (Insi) considerou o Brasil o oitavo país mais perigoso para o trabalho da imprensa.

Segundo o instituto, o país só fica atrás de quadros graves de violência contra a imprensa, caso do México, com o agravamento da violência do tráfico de drogas, e de países em conflito no Oriente Médio. O ranking foi baseado no número de jornalistas assassinados no exercício da profissão.

Marcelo Moreira, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), vê com preocupação a situação do país e ressalta a importância da proteção da liberdade de imprensa:

- O atentado contra um jornalista é um sério atentado à liberdade de imprensa e diretamente à sociedade como um todo. Se esta situação se prolongar, o risco é de que a gente caminhe para o pior cenário possível que é o dos jornalistas passarem a se autocensurar como forma de proteção. E aí a sociedade fica limitada no seu direito à informação. Situação que já foi vivida pela Colômbia e pela que hoje passa o México.

Para ele, o problema deve ser combatido com um trabalho sério em duas frentes:

- Primeiro de cobrança das autoridades brasileiras para que estes crimes não fiquem impunes. E segundo, que combate à impunidade seja aliado a mecanismos de proteção a atividade dos jornalistas.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, também lamentou a situação:

- É um dado que demonstra como a liberdade de expressão vem sendo golpeada no país, mesmo quando estamos submetidos a uma constituição democrática - diz ele, que enfatiza a situação problemática nos locais menos populosos no país:

- Essa triste situação (da queda no ranking) decorre principalmente da violência contra jornais e jornalistas no interior do país. No ano passado, nós tivemos pelo menos 11 assassinatos de jornalistas. Os crimes não são sequer esclarecidos e os meios para a punição e investigação são muito precários. Só posso dizer que é lamentável, depois de anos de luta a favor da liberdade de imprensa, hoje se constatar essa realidade.

Matéria originalmente publicada no Globo Online