domingo, 21 de julho de 2013

Mais de 300 mil pessoas vão às ruas do Centro do Rio para exigir mais investimentos em saúde, educação, segurança e transporte

Mais um dia histórico e emblemático com milhares e milhares de pessoas que se concentraram inicialmente na Candelária e depois saíram em passeata pela Avenida Presidente Vargas em direção à Prefeitura do Rio. Um mar não apenas de pessoas, mas um mar de esperança. De querer um futuro melhor, de querer governos melhores, de querer políticos e parlamentares melhores. Esse mar não era apenas de seres humanos, de estudantes, de trabalhadores, de chefes de família e de idosos. Mas sim, um verdadeiro mar de cidadania demonstrado pelo Rio no dia 21/06. 


O Brasil reuniu manifestantes em mais de 100 cidades que tiveram protestos expressivos com milhares e milhares de pessoas. Manifestações pacíficas, ordeiras e sem organização partidária por trás querendo se aproveitar da boa chama do povo na rua. Foram manifestações encantadoras, transformadoras e absolutamente positivas. Graças a elas, tivemos a redução do preço das passagens de ônibus e de outros transportes em algumas cidades do país.

Os manifestantes não estão pedindo nesse clamor nada que já não exista em nações muito menos ricas que a nossa. A Argentina, o Uruguai e o Chile tem coisas que nós pedimos aqui há muito tempo e muito melhores. Não estamos pedindo nada que seja inalcançável. Estamos pedindo coisas que já estão aí no mundo, na sociedade moderna como: Escolas que eduquem nossos filhos; Hospitais que nos curem; Transporte que nos leve e que nos traga com preço que possamos pagar; Polícias que nos deem segurança; Políticos que não nos roubem etc. Será que estamos pedindo tanta coisa assim meu Deus? Será que é tão difícil perceber isso? 

Estamos pedindo um país mais sério, um Estado mais sério, agentes públicos mais sérios. Repartições que funcionem, filas que sejam menores, tempo de atendimento que seja menor. Enfim, RESPEITO. Queremos também a compreensão, por parte dos políticos, de que nós somos os patrões. São valores e conquistas que já estão consolidadas em vários países do mundo, e que nós não podemos ter. Como assim não podemos ter? Nós pagamos a maior taxa tributária do mundo. Nossas passagens de ônibus são umas das mais caras do mundo e o nosso transporte "público" é um dos piores do mundo. Por que? A troco de que? Pra dar lucro a quem?

Então, esse basta é um basta geral. Essa radicalização dos movimentos populares é por RESPEITO. É um movimento por coisas básicas e primárias que o governo e os agentes públicos têm que conceder. Os movimentos sociais querem apenas ajustes de comportamento por parte do Estado, dos governantes e de seus agentes públicos.

Aí, eu compro e comparo as edições dos jornais Extra e O Globo do dia 21/06. Ambos feitos pelo mesmo grupo editorial e empresarial. Enquanto o Extra estampa na primeira página o verdadeiro sentimento das manifestações, com texto e imagem perfeitos. O jornal O Globo mostra o detalhe periférico do confronto, envolvendo uma minoria radical de ATOS POLÍTICOS e de vândalos. Uma ideia de que tudo que aconteceu se resume a isto que eles estão mostrando. 


Lembrando que os ataques ao Itamaraty e à prefeitura do Rio são ATOS POLÍTICOS. A radicalização dos movimentos populares é um ATO POLÍTICO, você pode ser a favor ou contra, mas ela é POLÍTICA. A Revolução Francesa se deu pela radicalização do movimento popular francês. A Revolução Soviética se deu pela radicalização do movimento popular soviético. A Revolução Cubana se deu pela radicalização do movimento popular cubano. Então, a radicalização dos movimentos populares é POLÍTICA, embora não estejamos num processo revolucionário.

Estou muito orgulhoso. Este foi o momento que uma geração inteira despertou, foi para as ruas, rompeu a inércia, a acomodação, a alienação e a despolitização. Essa juventude foi mobilizada por sua própria iniciativa, seu próprio espírito de nacionalidade e civilidade. Aí, a sociedade inteira veio atrás.