segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

RESULTADO DAS UPPs? Sequestros-relâmpago aumentaram 966,7% na Baixada

Segundo especialista, o crime está relacionado à falta de policiamento ostensivo

RIO - A psicóloga M.C.M., de 40 anos, passou sete horas de terror, em meados de 2011, refém de quatro homens armados. Ela foi abordada quando dirigia da Baixada em direção ao Centro do Rio e obrigada a trocar de carro duas vezes com a cabeça coberta por saco plástico preto. Os bandidos fizeram saques com quatro cartões de crédito dela e do marido, sempre sob ameaça de morte, até ser libertada na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias. O caso dela engrossou uma estatística que explodiu ano passado na região: a de sequestros-relâmpago. Entre janeiro e outubro de 2011, foram 32 registros contra apenas três no mesmo período de 2010 (966,7% a mais), segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).

Em todo o estado do Rio, a alta do crime foi de 58,4% (de 77 para 122 casos). Na capital, o número também subiu de 46 registros para 70 (52,2%). Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública, coronel PM José Vicente da Silva, o sequestro-relâmpago está relacionado à falta de policiamento ostensivo. “Além disso, um mapeamento cuidadoso, através das informações das vítimas, consegue identificar as quadrilhas, pois o comportamento delituoso é previsível, repetitivo”, avalia o especialista.

Os números do ISP revelam ainda que o maior número de registros de sequestros-relâmpago na Baixada são de duas delegacias de Duque de Caxias: a 59ª DP, que fica no Centro do município, e a 60ª DP, em Campos Elíseos. As duas unidades concentram 19 dos 32 casos registrados na Baixada em 2011.

Secretaria: policiamento é eficiente

A Secretaria de Segurança reconhece que o crime de sequestro-relâmpago teve um aumento percentual significativo. Porém ressalta que ‘a incidência desse crime ainda é quantitativamente pequena em relação ao estado como um todo’, diz a nota.

Para reduzir chances de ser vítima

O coronel José Vicente da Silva ressalta que o poder público não pode culpar as vítimas por desatenção ou de ter facilitado o crime. “Sequestro-relâmpago é falta de segurança pública”, sentencia o militar.

Para ele, é preciso observar veículos e pessoas estranhas nas redondezas. “Em caso de qualquer suspeita, a possível vítima não deve sair do local seguro, como a portaria do prédio, e ligar imediatamente para o telefone da polícia, o 190”, orienta o oficial.

José Vicente recomenda expressamente não reagir, caso a abordagem seja feita. “É fundamental manter a calma, pois os bandidos, em geral, estão nervosos. Não reagir é a regra básica; outra é tentar negociar para ser libertado logo. O sequestro-relâmpago põe a vida da vítima em perigo durante todo o tempo”, avaliou o coronel.