domingo, 12 de fevereiro de 2012

Greve da segurança pública no Rio põe imagem de Sérgio Cabral em questão

Leonardo Boff: "A responsabilidade pela greve deve ser tributada ao poder público"


RIO - O processo de implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas é uma das grandes bandeiras do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A antes inimaginável retomada do Complexo do Alemão e da Favela da Rocinha, bastiões do crime organizado no estado, ajudaram a impulsionar a popularidade de Cabral e a fortalecer sua influência no cenário nacional. Entretanto, apesar de suarepresentatividade, as forças de segurança pública não se mostram satisfeitas com o tratamento recebido do governo. A greve iniciada nesta sexta-feira por bombeiros, policiais civis e PMs é a segunda revolta em menos de um ano. Em 2011, bombeiros que lutavam por melhores condições de trabalho fizeram um movimento amplamente apoiado pela população. Diante deste cenário, fica a dúvida sobre até que ponto esta insatisfação pode provocar uma grave crise na administração pública fluminense.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que recomendou o indiciamento de 235 pessoas ligadas a grupos paramilitares quando presidiu a CPI das Milícias na Alerj, considera justa a reivindicação dos grevistas, mas não concorda com a paralisação. De todo modo, em meio aos questionamentos sobre a legalidade ou não do movimento, ele afirma que Cabral também deve ser responsabilizado, em caso de eventuais transtornos.

"O Sérgio Cabral está mais preocupado com a própria imagem do que com a população em si. Ele deveria assumir o papel de chefe de Estado e parar para negociar. Se, em vez de tentar desqualificá-los, adotasse uma postura conciliadora, duvido que houvesse sequer ameaça de greve. E este não é o único problema. Apesar da precariedade do sistema de transportes, o secretário Júlio Lopes permanece no cargo. A situação da saúde e da educação também é péssima. Tudo isto depõe contra ele", critica.

Matéria originalmente publicada no Jornal do Brasil