segunda-feira, 26 de março de 2012

SÓ BANDIDO: Empresário corrupto da Toesa, David Gomes, recebeu 3 honrarias de parlamentares

Ele é citado pela "filosofia de honestidade e ética profissional" 


RIO - Um português bem-sucedido que, começando com uma empresa de autopeças, construiu, em pouco mais de quatro décadas, um império de serviços de atendimento médico-emergencial e de remoções em ambulâncias que tem sede no interior do Rio e filiais em cinco estados. Natural do Porto, em Portugal, David Gomes de Lima, de 67 anos, o homem que aparece nas denúncias do "Fantástico" ensinando que passa aos filhos o código de conduta da propina foi diretor de três empresas ligadas ao ramo de mecânica e peças para automóveis antes de virar diretor-presidente da Toesa Service S/A. Depois da denúncia, David não foi à filial da empresa em Bonsucesso, e funcionários não sabem seu paradeiro. As placas que indicavam a presença da firma foram retiradas.

Em dois anos, o empresário recebeu três honrarias de parlamentares fluminenses: uma moção de aplausos, a Medalha Tiradentes e o Título de Cidadão do Estado, dos ex-deputados Jodenir Soares (PTdo B) e Aparecida Gama (PMDB). Nas justificativas, o empresário é citado "pelos relevantes serviços prestados à população na área de atendimento médico-emergencial" e pela "filosofia de honestidade e ética profissional". No texto da Alerj, a vida do empresário é contada desde seus estudos em Aveiro, em Portugal. No Brasil, ele concluiu curso de técnico de contabilidade e cursou, pela metade, engenharia mecânica.

Não é a primeira vez que a Toesa se vê envolvida em escândalos. Em novembro de 2010, a Justiça do Rio abriu processo para julgar por improbidade administrativa o ex-subsecretário executivo da Secretaria estadual de Saúde Cesar Romero Vianna Júnior, além de dois funcionários da secretaria e as empresas Toesa Service, Scar Rio e Multi Service. Eles foram acusados pelo Ministério Público estadual de fraudar a licitação que contratou, em 2009, a Toesa para a manutenção de 111 ambulâncias. Na época, o MP disse que o contrato teria dado um prejuízo de R$ 2,6 milhões ao estado. O órgão pediu o ressarcimento do dinheiro e que a Toesa fosse proibida de firmar contratos com o poder público por cinco anos. Pelo processo, em 2008, a Secretaria estadual de Saúde terceirizou a manutenção dos veículos e a Toesa venceu a licitação. O MP apurou que a Scar Rio e a Multi Service apresentaram valores menores que a Toesa, mas foram desclassificadas por falta de documentação. Segundo o MP, isso foi uma manobra para beneficiar a Toesa, que apresentou o terceiro melhor preço.

Matéria originalmente publicada no Globo Online