domingo, 26 de outubro de 2014

Eleições 2014: Crivella tem 55% dos votos válidos e Pezão 45%, mostra pesquisa do Instituto Gerp

Não me agrada, nem um pouco, essa linha de ação política baseada em religiões. É notório que a atuação política dos evangélicos é muito mais incisiva, ostensiva e efetiva do que as lideranças católicas. Estas, ficam mais no plano da gestão institucional e política da igreja. Há muita discussão política que passa pela igreja católica, mas os porta-vozes que se apresentam para essas discussões são entidades da própria igreja ou à ela ligadas como a CNBB, as pastorais etc e tal.

Imagem: Reprodução / R7

Já os evangélicos, organizam-se  partidariamente, politicamente e eleitoralmente. Fazem bancadas e atuam como parlamentares organizados em função de suas convicções religiosas. Querem ocupar parcelas objetivas da máquina pública, querem nomear ministros, querem eleger governadores, prefeitos e não querem fazer por uma questão meramente política, mas sim, por uma questão religiosa e de princípios religiosos. Notem, a minha discussão aqui como interlocutor é debater, analisar e chamar a atenção dos entes políticos, públicos e governamentais. Afinal de contas, são eles que interferem na nossa vida e no nosso cotidiano.

Vejam, ninguém está impondo que as igrejas evangélicas se politizem e elejam vereadores, deputados, senadores, governadores, prefeitos e presidentes. Ninguém está dizendo que elas sejam obrigadas a fazer isso, muito pelo contrário, elas que estão tentando conquistar este espaço. Mas, se escolheram ser entes políticos, a imprensa os tratará como entes públicos quando atuarem como entes políticos. Notem, não critico os evangélicos, critico a bancada evangélica. Reparem que, não existe uma bancada católica, tem lá um ou outro deputado mais ligado à igreja católica. Mas, não se vê uma ação orgânica como instituição religiosa e política ao mesmo tempo.

A força política, eleitoral e partidária das igrejas protestantes é legítima e inquestionável. Sou crítico da ideologização do Estado e um defensor ferrenho do Estado laico. Não quero religião se metendo na minha vida. Não quero religião se metendo com saúde, educação, segurança, transporte e políticas públicas de saneamento, porque isso não passa por religião. Por isso, critico qualquer religião, seja ela muçulmana, judaica, cristã, budista e por aí vai. Não quero nem saber, não quero religião metida com o Estado porque acho péssimo. Mas, os evangélicos não pensam dessa maneira, pelo contrário, eles têm um projeto de tomada de poder através da via democrática, que é legítimo, mas que me oponho a ele como me oporia se fosse qualquer outro tipo de orientação religiosa com esse propósito.

Tenho medo de misturar religião com política, principalmente quando a máquina pública do Estado está em suas mãos. Por isso, sou contra esse negócio de bancada evangélica, católica, judia,... porque incorpora-se à discussão política elementos da fé e da crença que não são materiais, mas sim, de convicções religiosas. Aí, começam a fazer política e administrar países determinando regimes comportamentais de acordo com visões do absolutismo religioso. Por exemplo, se o Deus e a fé de um regime religioso determinam que a maneira correta de viver é "X", esse regime não vai permitir que outras pessoas vivam de forma diferente de "X". Assim acontece no Irã, na Arábia Saudita e em vários países árabes. Portanto, esse negócio da religião contra e a favor faz mal à política.