sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CAINDO AOS PEDAÇOS: Quase R$ 1,3 bi gastos em obras do PAC que já dão problemas
Estado diz que viga instalada para aparar escada descolando é para ‘acalmar’ moradores
O Dia Online

RIO - Construtoras responsáveis pela urbanização do PAC de Manguinhos e Complexo do Alemão, que apresenta coleção de problemas estruturais, levaram quase R$ 1,295 bilhão pelas obras. Mas o alto investimento não assegurou moradia livre de defeitos aos condôminos dos conjuntos habitacionais inaugurados há menos de 2 anos: atualmente, alguns moradores convivem com vazamentos e rachaduras por toda parte.

Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Escada descolada é sustentada por macaco hidráulico
Nesta quinta-feira, técnicos da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) vistoriaram os condomínios Nova Geração e Poesi, no Alemão, erguidos pelo consórcio Rio Melhor (Odebrecht, OAS e Delta), e o João Nogueira, em Manguinhos, construído pelo consórcio Manguinhos (Andrade Gutierrez, EIT e Camter Construções). Agentes fotografaram os problemas, mas não deram prazo para os reparos. Limitaram-se a dizer que “voltarão a fazer contato”.

No Nova Geração, falta água há 2 meses. A Cedae esteve lá ontem e não identificou a origem do problema. A empresa crê que vazamento encoberto pode ter deixado as torneiras secas. Mesmo sem saber o motivo da falta d’água, a Cedae garantiu que iria saná-la.


Operadores do Rio Melhor colocaram vigas de sustentação e cola de silicone na escada de concreto do bloco 6, que, segundo os condôminos, balança. A Emop alega que a escada está em boas condições e que a viga foi posta para acalmar moradores. Indignada com vazamento no banheiro, Maria Dionizia, 57, moradora do Poesi, abriu novo ralo para escoar a água empoçada: “Gastei meu dinheiro para consertar o erro deles”.

Consórcios reconhecem necessidade de reparos

Em nota, o consórcio de construtoras Rio Melhor, que levou R$ 721 milhões pelas obras de dois conjuntos habitacionais no Alemão, além do teleférico e de espaços comunitários, admite a necessidade dos reparos e informa que a estrutura dos prédios não oferece riscos.

Já em Manguinhos, o consórcio de mesmo nome afirma que os engenheiros realizam visitas frequentes ao conjunto, e os reparos para as rachaduras são providenciadas rapidamente. Os dois consórcios, no entanto, nada responderam sobre a razão de tantos problemas em obras inauguradas há menos de 2 anos.

O Ministério das Cidades argumenta que apenas faz o repasse dos recursos e não é responsável pelas obras. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro disponibiliza o número 129 para atender moradores que se sintam prejudicados.