quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pesquisa mostra que jovens de favelas com UPP sonham com a universidade
Estudo feito a pedido da Secretaria de Assistência Social vai orientar políticas públicas
Jornal do Brasil

RIO - Livres do poderio armado de criminosos, jovens de áreas pacificadas reafirmam o desejo de permanecer nas comunidades e sonham com um futuro melhor, principalmente no que diz respeito à educação e trabalho. É o que revelam os resultados preliminares de um estudo realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, em parceria com o Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Encomendada pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, a pesquisa reúne respostas de 700 jovens, entre 15 e 29 anos, de sete comunidades onde foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs): Providência, São João, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Turano, Andaraí, Macacos e Batam. Após a pacificação, 70% dos jovens afirmam que querem continuar em suas comunidades.

Embora apenas 19% tenham concluído o Ensino Médio, ao serem perguntados sobre planos para o futuro, 39% revelaram o desejo de fazer vestibular e cursar uma universidade e 29% de fazer um curso profissionalizante. Os cursos são apontados por 10% dos moradores como melhorias necessárias a serem realizadas pelo Estado nessas áreas.

O estudo faz parte de uma parceria entre o Governo do Estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para traçar programas específicos para a juventude de áreas carentes. Entre eles, está a criação de uma bolsa-poupança para manter jovens nas salas de aula.

Também teremos investimentos em Educação. Vamos implantar o Renda Melhor Jovem em áreas pacificadas e não pacificadas, para incentivar os jovens das famílias extremamente pobres, inscritos no programa Família Carioca da Prefeitura do Rio, para que concluam o Ensino Médio. Eles receberão ao fim dos estudos uma poupança de até R$ 3.100 – explicou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves.

Esse tipo de iniciativa deve reduzir problemas detectados na pesquisa, como evasão escolar e dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Dos jovens entrevistados, 55% interromperam os estudos. Destes, 41% revelaram que o motivo foi a necessidade de trabalhar. Quarenta e quatro por cento relataram dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Dos jovens que trabalham, atualmente, apenas 26% têm carteira assinada.