sexta-feira, 25 de novembro de 2011

QUE PAÍS É ESSE!!! Ex-PM acusado de matar menino João Roberto é absolvido
O garoto foi morto, no carro da mãe, por tiros disparados por policiais
O Globo

RIO - Acusado de matar o menino João Roberto Soares, em 2008, o ex-policial militar Elias Gonçalves foi absolvido na noite desta quinta-feira. A decisão foi dada pelo júri popular no 2º Tribunal do Júri do Rio. O ex-policial militar afirmou que fez apenas um disparo para o chão na noite da morte do menino. Elias, que no depoimento disse ser inocente, acusou o outro ex-PM que estava na viatura de ter efetuados os disparos que matou a criança. O crime ocorreu em julho de 2008, quando o garoto estava dentro do carro da mãe, na Rua General Espírito Santo Cardoso, na Tijuca, e foi atingido por tiros disparados pelos policiais. Na época, João Roberto tinha 3 anos. A mãe dele, a advogada Alessandra Amorim Soares, voltava para casa com o menino e o irmão mais novo, Vinícius, então com 9 meses, quando ela parou o carro para dar passagem a um veículo da PM. Os policiais alegaram ter confundido o carro de Alessandra com o de criminosos.

Elias reponde por homicídio qualificado e duas tentativas de homicídio qualificado. Segundo o MP, o discurso dele nesta quinta foi diferente. Durante o depoimento, o ex-PM afirmou ter mentido quando respondeu ao processo administrativo, alegando que foi pressionado pelo outro PM acusado. Elias disse estar “mais à vontade” para falar o que de fato ocorreu e disse que antes “estava com medo”. No primeiro depoimento, segundo o promotor do MP, Elias teria dito que efetuou o disparo na roda do veículo. Já na delegacia, o ex-PM teria afirmado que o disparo foi na direção dos supostos criminosos. Já nesta quinta-feira, ele alegou que atirou em direção ao chão.

Segundo o promotor, os policiais sabiam que o modelo do carro procurado pela policia era um Fiat Stillo. O veículo atingido foi um Palio Weekend. Além disso, o promotor afirmou que o outro ex-PM acusado, o cabo William, ao ser interrogado, disse que efetuou dois disparos. O carro foi atingido por 17 tiros no total.

Antes de Elias, o juiz ouviu a mãe de João Roberto, que afirmou não ter ouvido nenhum disparo antes do fato ocorrido. Em seguida falou o Relações Públicas da PM, Rogério Leitao. Ele afirmou que os PMs deixaram de cumprir alguns princípios.

Em agosto, o Tribunal de Justiça do Rio já havia condenado o estado a pagar uma indenização de R$ 900 mil à família do menino, por danos morais. Pela decisão, a família também será ressarcida das despesas com o funeral, e os pais de João Roberto receberão pensão do estado. Na sentença, a juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, da 4ª Vara da Fazenda Pública do Rio, afirmou que ficou comprovado que a ação dos PMs causou a morte do menino. E lembrou que as próprias autoridades do estado admitiram a culpa dos policiais. Três dias depois da morte do menino, o governador Sérgio Cabral declarou, inclusive, que os dois PMs envolvidos no caso tinham sido expulsos da corporação.

Os dois, Elias Gonçalves e o cabo William de Paula, respondem a uma ação penal no 2º Tribunal do Júri da capital. Em 11 de dezembro de 2008, o cabo William foi condenado a sete meses de detenção, em regime inicial aberto, pelo crime de lesão corporal leve praticado contra a mãe do menino, ferida por estilhaços do vidro do carro, e de seu outro filho Vinícius, que sofreu lesão no ouvido em decorrência do tiroteio. Os jurados entenderam que ele (réu primário) estava cumprindo seu dever legal, sendo, portanto, absolvido do crime de homicídio doloso. Mas o MP recorreu e, em julho de 2009, a 7ª Câmara Criminal anulou a sentença, determinando que o acusado fosse levado a novo julgamento. Os processos dos dois correm em separado.

LEIA TAMBÉM:
‘Saí estarrecido. Quero justiça, mas infelizmente não estou conseguindo’, diz pai do menino João Roberto