quarta-feira, 30 de julho de 2014

Paciente fica 40 dias em corredor de hospital público da BA aguardando cirurgia

Ele foi internado na unidade de saúde depois que quebrou a perna durante um acidente de trânsito. "Fiquei lá esperando pela cirurgia no fêmur por um mês e dez dias", contou o pintor José Henrique Oliveira, 18. (UOL Notícias)

Imagem: Reprodução / UOL Notícias

— Esse é o retrato típico da moral que predomina na relação do Estado brasileiro com a sociedade. Ele tem sonegado à população saúde, educação, segurança e tantos outros itens que, no final das contas, produzem sofrimento, dor e muita morte. Esse Estado brasileiro é o maior inimigo da sociedade. Não procuro criticar, especificamente, um político que controle aquele órgão ou aquela área de poder. O que estou criticando, única e exclusivamente, é a ausência ou a má qualidade do serviço público prestado.

Não se trata apenas de não dar serviços na qualidade que deveria dar. Trata-se, também, da capacidade do Estado de sangrar a sociedade, pelo excesso de impostos cobrados, para sustentar suas mordomias, seus privilégios e prestar um serviço de quinta categoria à população. Notem, não sou contra o Estado. Acho fundamental que se tenha um Estado forte, presente, dono de tudo e que cuide de tudo melhor do que qualquer outro gestor privado, porque ele é nosso representante e nos pertence. Seria ótimo que o Estado tivesse em suas mãos todas as escolas, os hospitais, as estradas, os transportes, a segurança, as refinarias, a exploração do petróleo etc e tal. Em tese, seria tudo mais barato, mais ágil e mais eficaz pra nós.

Mas você sabe porque isso não acontece? Porque tudo que vai pra mão do Estado passa a ser só dele. Deixa de ser algo da sociedade e se torna algo do esquema dele. Ou seja, vira moeda de troca no esquema do deputado, do vereador, do senador, do prefeito, do governador e do(a) presidente.

A única forma de alterar essa realidade, no Brasil, não é depositando 100% das esperanças no voto que exercemos a cada 2 anos. Isto porque, as máfias político-partidárias se apropriaram do processo político-eleitoral no país, fazendo das eleições apenas momentos para legitimarem a sua sobrevivência e a sua permanência no poder. O voto no Brasil só serve pra isso e nada mais. A única forma de alterarmos essa realidade, é com o crescimento do movimento popular nas ruas. Só ele os fará mudar.

Vejam, não se trata de um ataque à instituição, à democracia e ao princípio da representação parlamentar. Trata-se de entender que o Estado brasileiro está fora de controle. Isso não é um discurso anarquista, mas sim, um discurso aplicado à realidade brasileira. É só olhar o que mudou nas últimas 20 eleições no Brasil. O que mudou? Diminuiu a roubalheira e os desvios de conduta? Diminuiu a violência, as mordomias e os privilégios de vossas excelências? Claro, que não!

É por isso que defendo o crescimento, o adensamento e a radicalização do movimento popular. É preciso fazer uma quebra na lógica e no ritmo com que as coisas acontecem no Brasil. E essa ruptura só vai acontecer se o povo for às ruas como foi em junho e julho de 2013. O movimento popular precisa radicalizar, sim. E o seu alvo tem que ser o Estado e seus agentes. Por isso, defendo a invasão da Câmara de Vereadores, da Assembléia Legislativa e do Congresso Nacional. Enfim, defendo a tentativa de invasão ordeira de qualquer palácio pelo movimento popular, porque entendo que isso é legítimo e faz parte do jogo democrático.