segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CARNAVAL NO RIO: Prefeito Eduardo Paes deixa foliões em risco

Cordão da Bola Preta: 2.5 milhões de pessoas e nenhuma ambulância à vista

Jornal do Brasil

RIO - Apesar de já ser considerado o maior carnaval de rua do país - apenas um bloco consegue reunir 2,5 milhões de pessoas, superando o Carnaval nordestino em números (o Galo da Madrugada, maior bloco do Nordeste, atrai cerca de 2 milhões de foliões) -, a tradicional folia de rua do Rio de Janeiro deixa o gigantismo de lado quando se trata de garantir a integridade física de seus participantes.

Uma equipe de reportagem do Jornal do Brasil constatou, durante uma semana inteira de festa, que não havia estrutura como ambulâncias para atendimento médico dos foliões, contrariando o que foi prometido pela Prefeitura do Rio, através do presidente da Riotur, Antônio Pedro Figueira de Mello.

O socorro aos que passavam mal nos blocos acabou ficando por conta da Guarda Municipal, segundo relatos de foliões. Alguns agentes aconselhavam os grupos a embarcarem em ônibus rumo ao hospital da região. No caso dos blocos do Centro, a dica era seguir por conta própria para o Hospital Municipal Souza Aguiar.

Foliões em perigo

No Hospital Municipal Souza Aguiar, Tatiana Marques esperava pela sobrinha, de 11 anos, que havia passado mal e desmaiado no meio do Cordão da Bola Preta, no sábado (17). Tatiana contou que não havia nenhuma possibilidade de socorro nas imediações do Bola Preta e, ao falar com policiais militares, eles disseram que ela deveria tomar um ônibus até o hospital.

"Não tinha socorro no bloco. Tive que ir até o hospital no carro da Guarda Municipal, e isso porque um dos guardas peitou seus colegas para fazer isso", disse. "Ligamos para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e eles disseram que não podiam ajudar. Minha sobrinha desmaiou e teve convulsões. Foi desesperador", relembra Tatiana.

"Quem passa mal se vira"

"Ambulância? Atendimento médico? Não, nunca vi. Quem passa mal geralmente se vira por conta própria. Mas isso deve ser cobrado da Prefeitura, não cabe aos blocos", destacou a representante de alguns dos maiores blocos como Simpatia é Quase Amor (Ipanema), Suvaco do Cristo (Jardim Botânico), Bloco das Carmelitas (Santa Teresa) e Escravos da Mauá (Centro).

Assessora e foliã do Cordão da Bola Preta, Márcia Rosário afirma que também não notou a presença de atendimento durante o desfile do último fim de semana: "Não vi nenhuma ambulância, mas a Prefeitura sabia que a nossa estimativa de público era de mais de 2,5 milhões de pessoas. Ou seja, deveria ter se planejado", afirmou.

Matéria originalmente publicada no Jornal do Brasil