domingo, 29 de março de 2015

'Fora Dilma' reúne 210 mil em São Paulo e multidões pelo país

Mais um dia histórico e emblemático que reuniu 210 mil pessoas em São Paulo e multidões pelo país. Um mar não apenas de pessoas, mas um mar de esperança. De querer um futuro melhor, de querer governos melhores, de querer políticos e parlamentares melhores. Esse mar não era apenas de seres humanos, de estudantes, de trabalhadores, de chefes de família e de idosos. Mas sim, um verdadeiro mar de cidadania demonstrado pelo Brasil no último dia 15 de março.

Imagem: Reprodução/Folha de S.Paulo
Manifestações pacíficas, ordeiras e sem organização partidária querendo se aproveitar da boa chama da população nas ruas. Foram manifestações encantadoras, transformadoras e absolutamente positivas. Parece que, finalmente, o povo percebeu que o movimento de massa nas ruas é o melhor lugar para pressionar os governantes. É na rua que o jogo é jogado. Não é na eleição, não é no parlamento, não é no Congresso e muito menos nos partidos. Sabe por que? Porque aqui, no Brasil, os políticos se apropriaram desses espaços para fazer o que interessa a eles. Os próprios políticos fecharam as portas para a população nesses espaços democráticos onde, normalmente, as democracias se respeitam e respeitam o cidadão. Onde as tensões sociais são diluídas, onde as reivindicações do povo são analisadas e acolhidas. São nesses espaços que a insatisfação é canalizada e direcionada.

A população foi às ruas contra os políticos, contra o Estado e contra o desrespeito que os governantes e seus agentes manifestam sistematicamente contra a população. Estamos num país onde as coisas acontecem pra esculachar o cidadão, pra nos tratar como se fossemos um povo de quinta categoria. Nos tratam assim o tempo todo. Onde podem nos tratar dessa forma, eles tratam mesmo. Notem, ninguém está contra a democracia, ninguém está atacando a ideia das instituições existirem. Não é por aí. Ninguém está pedindo a mudança de regime!

Estamos pedindo um país mais sério, um Estado mais sério, agentes públicos mais sérios. Repartições que funcionem, filas que sejam menores, tempo de atendimento que seja menor. Enfim, RESPEITO. Fico me perguntando o seguinte: Quantos anos mais serão necessários para chegarmos a um estágio, não dos nossos sonhos, mas, que muitos países já têm desde o pós-guerra. A Europa já fixou padrões exemplares de RESPEITO ao cidadão, de conduta dos agentes públicos e de funcionamento da máquina pública que persistem até hoje. Lá, os agentes políticos entendem que o cidadão é prioridade e precisa ser olhado com reverência, com respeito e até com submissão.

Isso não é nada demais, ninguém está pedindo nada do que já se tem em incontáveis países do mundo. Notem, ninguém está querendo que o Estado brasileiro se transforme num Éden ou num paraíso com ninfas esvoaçantes. Nada disso, nós queremos apenas um Estado que nos RESPEITE. A falta de RESPEITO do Estado brasileiro faz com que as coisas tomem dimensões trágicas. Essa falta de RESPEITO é a mesma que transformou a saúde pública numa máquina de matar gente. É a mesma que transformou a escola pública numa máquina de reproduzir injustiças e produzir mão-de-obra fácil para a marginalidade. É a máquina pública que transformou a ocupação urbana no caos que está, pela ausência de políticas de habitação, de planejamento etc e tal. Tudo que a gente está vendo no país resulta da ausência ou dos erros da máquina pública. Temos que reconhecer que a culpa também é nossa porque nada fizemos para mudar essa realidade. Agora, os movimentos de massa nas ruas começam a esboçar uma reação a tudo isso. Vamos ver no que vai resultar!

Parabéns, ao povo brasileiro! Parabéns por estar discutindo política, parabéns por estar se mobilizando e entendendo a importância de se intervir no processo político. É fundamental que, o país e nós brasileiros, tenhamos cada vez mais vontade de tomar a política em nossas mãos e conduzi-la para onde queremos que ela vá. E não deixá-la nas mãos dessas quadrilhas político-partidárias que a dominam há décadas.