quarta-feira, 26 de outubro de 2011

DESCASO NA SAÚDE: Mais dor de cabeça para quem já sofre de doença crônica
O Dia Online

RIO - Promessa de facilidade virou garantia de dor de cabeça para quem sofre de doenças crônicas ou agudas na Região Metropolitana do Rio. ‘Blitz do DIA’ constatou que 17 medicamentos de lista com 53 que deveriam ser oferecidos a R$ 1 em Farmácias Populares, programa do governo estadual, estão em falta em pelo menos quatro unidades. São remédios para doenças cardíacas, pressão alta, colesterol, infecção, inflamação, osteoporose, entre outras enfermidades.

Lourdes perdeu a viagem ao Méier pela segunda vez em busca de sinvastatina, em falta
Equipe do jornal percorreu farmácias populares da Pavuna e do Méier, na Z. Norte do Rio, e de São João de Meriti e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e acompanhou o drama enfrentado por usuários do serviço.Após peregrinar por três unidades — Nova Iguaçu, Meriti e Caxias — o aposentado Álvaro Gomes da Silva, 77 anos, que sofre com inflamação no abdômen, não encontrou seu principal remédio: a ranitidina. De seu salário mínimo mensal, ele gasta por mês quase R$ 400 em remédios, e a ranitidina seria a única economia oferecida pelo programa Farmácia Popular. Por cinco caixas de 20 comprimidos, ele pagaria R$ 5, mas tem precisado gastar R$ 65 por mês nas drogarias comuns. “Está em falta há quase 15 dias na popular”, reclama a filha, Maria da Conceição.

Em nenhuma das unidades fiscalizadas pela ‘Blitz do DIA’, havia fraldas geriátricas tamanho G. Com só R$ 8 no bolso para comprar 8 pacotes de fralda para o irmão, a aposentada Neuza Rocha dos Santos, 77, saiu de casa, em Cordovil, para a farmácia do Méier. Lá, só havia o tamanho M, que tem capacidade para usuários de 40 kg a 70 kg. “Mesmo assim vou levar e colocar um esparadrapo para fechar. Não tenho mais dinheiro e ele precisa”, argumenta.

Falhas se arrastam e atingem a central de teleatendimento

Os problemas do programa estadual atingem também o teleatendimento. A pensionista Lourdes Fernandes, 78 anos, que é diabética e tem colesterol alto, antes de ir à Farmácia Popular, liga para a central e checa se há remédio no estoque. Segunda-feira, pela segunda vez, ela perdeu a viagem. “Há um mês liguei para saber onde tinha sinvastatina, a telefonista disse que teria no Méier. Cheguei lá e não tinha. Hoje (segunda), foi a mesma coisa: por telefone, disseram que o Méier teria, mas a atendente falou que está em falta há 10 dias”.

De lá, ela foi a uma drogaria e gastou R$ 20 com a caixa de 15 comprimidos que, na Farmácia Popular, custaria R$ 1. “Uso dois remédios para diabetes e gasto R$ 150 por mês. Com a sinvastatina, vão mais R$ 20”.

A falta de medicamentos e fraldas nas farmácias populares não é de hoje. Há dois meses,O DIA foi às unidades de São João de Meriti, Pavuna, Campo Grande, Bangu e Méier, onde o cenário já era precário.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informa que os principais remédios, como a sinvastatina (para reduzir colesterol), serão repostos esta semana. As fraldas também serão entregues neste prazo e novo processo de compra será aberta no mês que vem. O pregão feito em fevereiro será suspenso antes do fim do contrato, que iria até o ano que vem.

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