sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SAÚDE ABANDONADA: Falta de equipamento faz criança ter perda auditiva
Há um ano, paciente do Hospital de Bonsucesso espera por implante de dispositivo para voltar a ouvir. Menina já está com mau desempenho escolar

O Dia Online

RIO - A pequena Isabella Samara Pinheiro de Souza, 6 anos, vive um drama. Paciente do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), há um ano ela aguarda por cirurgia para colocação de aparelho chamado tubo de ventilação — única forma de recuperar totalmente a audição. O hospital não forneceu o dispositivo quando a menina passou por outra operação.Este é mais um capítulo da crise que acomete o HFB, principalmente a partir de julho. O DIA vem denunciando os problemas desde o início de agosto: há falta rotineira de remédios, insumos e equipamentos, além da superlotação de pacientes. O Ministério da Saúde tem classificado esses problemas como ‘pontuais’.

Segundo Miriam Teixeira, 25, mãe de Isabella, a criança deu entrada na unidade em setembro de 2010, para tratamento de adenoide aguda — massa de tecido localizada na parte posterior das fossas nasais. Em casos como o de Isabella, a adenoide acentuada pode gerar problemas respiratórios e auditivos, sendo necessária colocação do tubo de ventilação para liberar a audição.

A criança foi encaminhada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, em outubro de 2010, para retirar amígdalas e a adenoide — operação de porte simples, que não era realizada no HFB. Porém, a unidade federal deveria ter fornecido o tubo de ventilação ao Miguel Couto, na ocasião, o que não foi feito. A adenoide, com o tempo, voltou a crescer.

“Nos últimos três meses, a audição piorou muito. Está indo mal na escola e com transtornos de comportamento. O pior é que no HFB me informaram que não há previsão para resolver nada”, conta a mãe.

Paciente com trombose sem internação

Com diagnóstico de trombose, o torneiro mecânico Reinaldo Almeida, 55 anos, não conseguiu internação no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, terça-feira. Ele procurou a unidade após orientado por um médico particular a se internar.

Em Saracuruna, ele foi dispensado com receita médica na qual havia remédios com custo em torno de R$ 150 por dia. Para o angiologista Ivanésio Merlo, o procedimento não foi o mais adequado: “O mais prudente seria que fosse medicado com anticoagulantes internado devido à gravidade e ao alto custo do medicamento”. A Secretaria estadual de Saúde afirma que ele foi avaliado e orientado a continuar tratamento no ambulatório.

Cirurgia finalmente marcada

Questionado por O DIA, o HFB informou ontem à tarde, em nota, que Isabella “já estava com a cirurgia ambulatorial para colocação do tubo de ventilação agendada para 4 de novembro”. De manhã, porém, Miriam levara a filha ao HFB para consulta com otorrino e não recebeu qualquer informação sobre a data. À noite, O DIA entrou em contato com ela, que continuava sem saber. Na nota, o hospital informou que irá apurar as causas da demora com o serviço de otorrino. E ressalta que a criança tem otite média secretora, que restringe a audição pelo acúmulo de secreções, sem risco de surdez.