sábado, 12 de novembro de 2011

CASO NEM: "Advogados" presos com traficante responderão por corrupção e formação de quadrilha

RIO - A tentativa de fuga do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, é mais um capítulo de uma longa história de advogados cúmplices de seus clientes. Os três homens que abrigavam o traficante no porta-malas do Toyota Corolla preto na noite de quarta-feira têm registro na Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ). São eles: André Luis Soares Cruz, Demóstenes Armando Dantas Cruz e Luiz Carlos Cavalcanti Azenha.

André Luis Soares Cruz e Demóstenes Armando Dantas, que disseram ser, respectivamente, cônsul honorário da República do Congo e funcionário do consulado, têm o mesmo número comercial no arquivo da OAB. Trabalham no mesmo escritório. Eles transportavam Nem quando foram abordados por policiais militares que desconfiaram na traseira rebaixada do carro. Eles chegaram a oferecer um milhão aos PMs em troca da liberação do veículo. Os militares recusaram e, na presença da Polícia Federal, conforme o trio ocupante do Corolla solicitara, o carro foi vistoriado e Nem foi, enfim, encontrado.

Os defensores de Nem serão julgados pelo tribunal de ética e disciplina da OAB, responsável por processar advogados acusados de desvio de conduta. Após o julgamento, eles poderão ter como penalidade a exclusão da Ordem. “Se de fato no primeiro exame a ser feito configurar as condutas erradas, eles poderão vir a ser suspensos até o final da conclusão do processo”, disse o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous.

No momento, no entanto, a perda da carteira da OAB deve ser a menor das preocupações dos três ocupantes do Corolla. Por sua conduta, eles podem vir a responder por formação de quadrilha, corrupção e outros crimes.

Damous afirma que a regulamentação da atividade do advogado é minuciosa, e quem faz a confusão entre a defesa do cliente e uma ajuda que extrapola a legalidade é, na verdade, um criminoso. “Aqueles que descumprem os preceitos da advocacia não cumprem a profissão. Estão exercendo um crime”, afirma o presidente da OAB-RJ.

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