terça-feira, 8 de novembro de 2011

VERGONHA FEDERAL: Orçamento superfaturado, pressa e economia prejudicaram as obras do PAC
Crea vistoria prédios do Alemão e constata até falta de ralos e canos curtos demais
O Dia Online

RIO - Pressa na entrega dos imóveis e economia durante as obras. Essas são as principais causas dos problemas nos prédios do PAC do Alemão, constatadas ontem em vistoria realizada pelo engenheiro Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea).

Eulálio visitou os condomínios Nova Geração e Poesi, onde há rachaduras e escada descolada da parede. Os problemas deixam evidentes as falhas na construção. O relatório será encaminhado ao Ministério Público estadual, com destaque para a necessidade de reparo por parte das empreiteiras contratadas. Moradores do condomínio do PAC em Manguinhos sofrem com problemas iguais. Engenheiro do Crea também deve vistoriar o local.

Sem risco de desabamento

Para Eulálio, as rachaduras nas escadas e nos imóveis poderiam ter sido evitadas caso as juntas com as paredes fossem vedadas: “A pressa é inimiga da perfeição. Não há riscos de desabamento, mas há falhas do projeto à construção, que podem ter sido provocadas por economia. Também faltou suporte técnico”.

O conselheiro detectou falta de ralos para escoamento da água de chuva no entorno de alguns prédios, o que provoca lamaçal; calhas curtas demais, que levam a infiltrações; tubos para escoamento de água das varandas mal instalados, o que molha os apartamentos de baixo; erros de acabamento e falta de mangueiras nos hidrômetros.

“Já reclamamos com as empreiteiras, mas até agora não instalaram as mangueiras. Dizem que falta uma peça. Quero ver quando tiver um incêndio”, preocupa-se o síndico do Bloco 22, Sérgio Roberto Ferreira, 32. Os moradores queixam-se por não terem a planta dos imóveis. “Isso é importante para que possam fazer alguma obra em segurança”, enfatizou Eulálio. O consórcio de empreiteiras Rio Melhor (Odebrecht, Delta e OAS) recebeu R$ 721 milhões pela construção dos condomínios e obras de infraestrutura.

Engenheiro: culpa não é de moradores

Para o conselheiro, os problemas analisados nos imóveis, inaugurados há menos de 2 anos,não podem ser atrelados à má utilização pelos moradores, conforme havia informado a Emop. “São falhas construtivas e em nada podemos culpar as moradores”, concluiu Eulálio, destacando a necessidade de monitoramento constante das fissuras.