segunda-feira, 7 de novembro de 2011

RIO COM MEDO: Guerra do tráfico na Zona Oeste reduz aulas, prejudica ensino e apavora estudantes
O Dia Online

RIO - Quando crescer, X., de 11 anos, quer ser astronauta. Mas está sem aulas de ciências — matéria básica para a profissão — desde 19 de setembro. O motivo é que a Escola Municipal Ayrton Senna da Silva, na Estrada do Taquaral, em Bangu, onda cursa o 5º ano, está em uma área que há oito meses sofre com a guerra entre duas facções criminosas: a Favela da Coreia. “Toda semana tem tiroteio. Faltam professores, a escola para. É um pesadelo”, se desespera a mãe, a dona de casa Z., 42.

Uma professora municipal diz que alunos já sabem como agir quando há tiroteio. “Eles saem da sala de forma ordeira e deitam no chão do corredor”, conta.

Uma diretora do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), que prefere não se identificar, afirma que até profissionais da entidade têm medo ir às escolas naquela região.

São várias unidades que sofrem com o mesmo problema. Um aluno de 32 anos do supletivo da Escola Municipal Marechal Alcides Etchegoyen, na Vila Kennedy, afirma que há seis meses suas aulas são reduzidas em uma hora por dia, devido à violência.

“O horário é das 18h às 21h30, mas são encerradas às 20h30. Quem é louco de ficar na rua depois das 21h?”.

Embora as secretarias estadual e municipal de Educação não esclareçam a quantidade de dias sem aula — o Município alega que é por questões de segurança — ou o quanto isso afeta o conteúdo do ensino, alunos se sentem prejudicados. Uma estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Jorge Zarur diz que não se sente preparada para o vestibular. “Não me inscrevi no Enem. Como vou entrar para a universidade, se não tenho aulas direito?”.

Escola invadida por bandidos
Na sexta-feira passada, a Escola Estadual Professor Daltro Santos foi invadida por bandidos em fuga durante as aulas e foi cercada pela polícia. Houve pânico entre alunos, professores e funcionários. Aulas foram suspensas e um bandido foi encontrado no banheiro da unidade. A disputa por território na região é entre as facções Terceiro Comando Puro e Comando Vermelho. “É importante que a população denuncie”, disse o coronel Rogério Leitão. Denúncias podem ser feitas através do telefone 3331-0202, do 2º CPA.