O governador Sérgio Cabral enfrenta a pior crise de seu governo. Na fila para ser convidado a depor na CPI do Cachoeira, Cabral deve explicações sobre suas relações com o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta e mergulhado nas suspeitas de irregularidades em contratos em vários estados – com destaque para o Rio. A Delta é uma das principais empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cria da presidente e bandeira de campanha da aliança PMDB-PT no Rio. O peso da empreiteira no programa criou agora um problema para o governo: como a Delta perdeu fôlego, começa a abandonar seus contratos, o que, para o PAC, é sinônimo de atraso.
O ex-presidente tentou, sem sucesso, emplacar o ex-líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza (PT-SP), na relatoria da CPI mista que investigará as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com os governos estaduais e federal. A confirmação da convocação de Sérgio Cabral será, para o PMDB, um revés importante em ano eleitoral – o governador é o principal cabo eleitoral no estado, onde o partido terá candidatos próprios em 65 dos 92 municípios. Um deles a capital, onde Eduardo Paes também tem a Delta como um sinal de alerta, dado o volume de contratos em poder da empresa.
O maior desgaste de Cabral, no momento, vem de um arquirrival no estado, e de uma ainda mal esclarecida relação entre ele e o dono da Delta. Deputado pelo PR e ex-governador, Anthony Garotinho tem abastecido o noticiário com fotos e vídeos de Cabral e Cavendish em viagens, festas e jantares na Europa. Sobre as imagens, há muito o que explicar. E há também o que é politicamente inexplicável. Entre os comensais, está o secretário-chefe da Casa Civil do governo do estado, RégisFichtner, que aparece em algumas das imagens ao lado de Cavendish. Fischtnerfoi o homem de confiança escolhido por Cabral para fiscalizar os contratos da Delta.