domingo, 22 de julho de 2012

Para escapar da CPI e se livrar da imprensa, Sérgio Cabral recorre a sua puxa-saco Cidinha Campos e até desafetos políticos

Desesperado, governador usou várias pessoas para se blindar e evitar sua convocação à Comissão Parlamentar de Inquérito. Peemedebista também procurou o ex-desafeto Eduardo Cunha

Foto/Divulgação: site Cidinha Campos
No recolhimento forçado, Cabral causou pelo menos duas surpresas aos aliados. A primeira foi a iniciativa de reaproximar-se do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com quem mantinha relação conflituosa. Durante a crise, os dois se encontraram. Foi a Polícia Civil de Cabral que, há três anos, colheu a voz de Cunha em gravações telefônicas durante a Operação Alquila, lançada para investigar um esquema de fraude fiscal envolvendo a Refinaria de Manguinhos. O grampo custou a Cunha a dor de cabeça de enfrentar um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, o mesmo Cunha se movimenta para tentar blindar o governador nos desdobramentos da CPI do Cachoeira.

A segunda surpresa foi uma inesperada visita à deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ), que recuperava-se em casa de uma cirurgia. Quem conhece a rotina do governador, sabe que nunca sobra tempo na agenda para receber parlamentares. Paulo Duque, que o substituiu no Senado Federal quando Cabral concorreu ao governo, em 2006, reclamava na época de só ter recebido um único telefonema do governador, embora tivesse sido leal e não mudado um único funcionário do gabinete.

Cabral também usou o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB) para acompanhar de perto todos os movimentos da CPI. O parlamentar é filho de Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, de quem Cabral até então mantinha divergências quanto ao rumo do PMDB nas eleições do Rio. O governador também recorreu ao senador Aécio Neves (PSDB). O tucano convenceu três dos cinco integrantes do partido a votar contra a convocação de Cabral para depor na comissão. O peemedebista foi dispensado da CPI por 17 votos a favor e 11 contra.

- O Aécio foi fundamental neste processo - disse um aliado de Cabral.

Na capital, os adversários do prefeito Eduardo Paes estão divididos sobre usarem ou não na campanha eleitoral fotos e vídeos divulgados em abril por Garotinho onde aparecem Cabral e secretários estaduais - alguns deles flagrados dançando com guardanapos na cabeça - em passeios e jantares em restaurantes de luxo em Paris, em 2009.

- Não adianta agora o Paes dizer que não tem nada a ver com Cabral. Eles têm o mesmo projeto de poder. As imagens (de Paris) serão mostradas no meu programa, mas sem baixarias - disse o deputado estadual Marcelo Freixo, pré-candidato a prefeito pelo PSOL.

Fonte: O Globo