sexta-feira, 10 de maio de 2013

Comissão de Constituição e Justiça do Senado votará proposta que reduz maioridade penal para 16 anos

Não vamos resolver o problema da violência envolvendo menores com a redução da maioridade penal. Eu entendo o clamor da sociedade, mais ainda daqueles que foram diretamente atingidos pelos crimes cometidos por menores. Como o pai de um jovem morto na porta de casa por causa de um celular ou a mãe de uma dentista que teve a filha queimada viva até a morte por um menor. Entendo que o sentimento ferido e a parte arrancada de cada um deles, justifique plenamente o desejo por justiça e sintam-se confortados e saciados com a punição dos criminosos.

Revista VEJA.com

Mas acho que a sociedade como um todo, tem a ilusão que a redução da maioridade penal vai resolver o problema. Esse é um dos muitos equívocos coletivos que se pode cometer, achando que se pode progredir, que se pode avançar. Mas que não se avançará.

A realidade brasileira propicia, fomenta e expande diariamente essa criminalidade precoce. Isso não é só figura de retórica. A impunidade é gritante e escandalosa na política, na gestão pública, nos contratos empresariais e tal. Essa impunidade notória na qual a justiça é cúmplice, faz parte desse meio de barbaridades. Faz parte deles.

Analisando a questão de forma fria. Me parece meio maluco um país capaz de absolver, tolerar, conviver e aceitar corruptos e criminosos do quilate que nós temos na vida pública brasileira, que são responsáveis por milhares de mortes em hospitais. Por milhares de futuros marginais de escolas que não funcionam e tudo mais. Não é possível que a gente conviva com isso naturalmente. Que vá ao carnaval todo ano e ache que tem que puxar o gatilho lá no andar de baixo. Lá na mais desvalida das camadas da sociedade brasileira onde não tem nada. Não tem saneamento, não tem horizonte, não tem emprego, não tem casa, não tem escola, não tem futuro. Enfim, não tem nada. NÃO TEM NADA.

Então quer dizer que vamos conviver com Renan Calheiros como presidente do Congresso e vamos mandar para cadeira elétrica o fulaninho de 15 anos do morro tal, que matou ciclano de maneira covarde. Esse troço não encaixa, não está encaixando.

Que tal esse clamor do público pela punição dos políticos? Porque de 4 em 4 anos a gente vai lá e vota neles. A gente está nesse jogo. A gente faz parte desse jogo.