sexta-feira, 10 de maio de 2013

Operação que matou traficante Matemático é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil por ter colocado moradores em risco

Esse Matemático era um criminoso muito procurado, perigoso e assassino. Um meliante da pior espécie. No que diz respeito ao resultado da operação, gostaria de parabenizar os policiais da CORE e dizer o seguinte: É menos um vagabundo pra fazer barbaridades com pessoas inocentes que cruzam o seu caminho. Já foi tarde. Espero que esteja cuidando da contabilidade do Capeta lá no quinto dos infernos. Então, o resultado é positivo pela eliminação do canalha. A polícia está de parabéns porque conseguiu alcançar seu objetivo. Agora, vire a página e vamos analisar.

Extra Online

Não tem cabimento, de forma alguma, que uma autoridade policial abra fogo pra atingir o objetivo de alvejar um bandido, se essa atitude coloca em risco a minha família. Uma operação de helicóptero, àquela altura e considerando que os bandidos não estavam disparando do carro em direção ao helicóptero. Não tem cabimento que centenas de tiros sejam disparados por uma aeronave em movimento a uma altitude de sei lá quantos metros, com a possibilidade de não acertar o alvo. Porque ninguém consegue acertar um alvo a 100 metros em movimento. Por mais habilidoso que seja o piloto, o atirador vai balançar e trepidar dentro do helicóptero, dificultando muito o acerto do alvo. É quase uma fatalidade.

É uma operação de altíssimo risco. Me desculpe, mas nessas condições não dá pra ficar dizendo "dá, dá, dá tiro", "mete o dedo", "manda bala". Sabe porque? Porque do lado estão casas de pessoas que não se chamam Matemático. São crianças, mulheres grávidas, idosos e trabalhadores que estão morando alí. 

Então, uma operação policial não pode ignorar que o seu objetivo maior é preservar a vida dos cidadãos de bem. O segundo objetivo, a vida dos agentes públicos. Há um absurdo óbvio na natureza da operação que é sistemático na polícia brasileira. O desapreço e o desprezo pelos civis que possam estar na linha de tiro. A prova desse desprezo é a quantidade inumerável  de pessoas mortas em tiroteios da polícia com bandidos. É a quantidade de reféns mortos pela polícia em perseguições a bandidos.

Desde quando, bandido com refém pode levar tiro? Se levar, é claro que pode matar o refém. Assim como, é claro que esta operação que matou o Matemático poderia ter matado muita gente inocente na comunidade onde se deu o episódio cinematográfico. Poderia ter matado seu filho ou sua filha. Então nesse sentido, a gente não deve aprovar ou aplaudir essa operação da polícia.

Veja bem, não estou discutindo sobre o prisma dos direitos humanos do Matemático e da bandidagem que estava com ele. Eu quero que eles se lasquem. Estou falando dos direitos de quem está no bairro, de quem está na calçada. Como é que um policial manda bala assim? O fato é que essa conta não fecha pro pai da criança possivelmente atingida, não fecha pro filho órfão, não fecha pra viúva, não fecha pra grávida que teve a barriga perfurada, não fecha pro idoso que queria viver apenas em paz. 

Essa conta fecha quando a gente não leva o tiro, mas quando quem leva o tiro são os outros, a gente começa a falar que a polícia agiu bem. Lamentavelmente ela não agiu a despeito do resultado objetivo da operação ter sido a morte de um facínora. Infelizmente é um problema de cultura policial.