quinta-feira, 19 de julho de 2012

A FARSA DA PACIFICAÇÃO: As desculpas de Beltrame para os problemas que envolvem as UPP's


E nesse sentido é bom dizer que o projeto das UPPs de longe não resolve o problema. E me estranha muito o Governador tentar simplificar o debate sobre Segurança Pública, dizendo que o Rio de Janeiro é outro porque tem UPPs. São mais de mil favelas no Rio e as UPPs não chegam a 13 delas. (Marcelo Freixo)

A UPP é um projeto de cidade. Não é um projeto de Segurança Pública! A UPP é um projeto que viabiliza um Rio de Janeiro desejado para os Jogos Olímpicos, onde determinados territórios são escolhidos para um projeto de cidade, o setor hoteleiro da Zona Sul, o entorno do Maracanã, a Zona Portuária e a Cidade de Deus – única área dominada pelo tráfico em toda Jacarepaguá, que tem o domínio hegemônico das milícias.  E eu estranho o silêncio desse governo em relação às milícias, dizendo que o Rio está pacificado. (Marcelo Freixo)

RIO - A expansão do projeto e a consolidação das novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro será tarefa difícil, afirmou o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, porque isso contraria interesses de criminosos instalados há décadas nas favelas da capital fluminense.

"Não há UPP fácil. Não há nada fácil no projeto. Não vamos conseguir mudar uma realidade histórica em meses. Se vai ser difícil (consolidar novas UPPs)? Tenho certeza de que vai ser difícil, porque mexe-se com interesses que estão instalados ali historicamente", disse Beltrame.

Casos recentes de violência têm mostrado que quadrilhas armadas continuam exercendo controle sobre territórios considerados pacificados, como o Complexo do São Carlos, no centro da cidade, e o Morro da Mangueira, na zona norte. A situação se repete na Rocinha, na zona sul, e do Complexo do Alemão, no subúrbio, áreas que ainda não têm UPPs, mas que estão ocupadas por forças policiais e militares.

"Nós não vamos desistir ou mudar esse programa. O que podemos é intensificá-lo. Estamos atentos para que, cada vez mais, a população sinta-se a vontade com a polícia ali e que as coisas melhorem. Agora, acabar com o tráfico e com a violência é algo que, creio, ninguém pode garantir. Temos que ficar vigilantes e consolidar esse processo para daí avançar para outras áreas", disse Beltrame.

Entre as cerca de mil favelas ainda não ocupadas, há comunidades consideradas violentas e que concentram grande atividade criminosa, como o Complexo da Maré, Jacarezinho, Manguinhos, as vilas Vintém e Kennedy e o Complexo da Coreia, todas no subúrbio. Existem ainda comunidades na região metropolitana, principalmente na Baixada Fluminense e nos municípios de São Gonçalo e Niterói, que teriam se tornado refúgio de criminosos fugidos de algumas favelas com UPPs.

Matéria originalmente publicada no Terra Notícias