quinta-feira, 19 de julho de 2012

CONIVÊNCIA: Organizações Globo tentam enganar o povo para proteger Sérgio Cabral


RIO - As imagens de comerciantes fechando as portas de suas lojas na Mangueira e na Cidade de Deus — áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) —fazem parte do processo de retomada do território pelo Estado. Essa é a opinião de especialistas em segurança pública consultados pelo GLOBO para analisar o luto imposto, nos últimos dois dias, por bandidos remanescentes do tráfico nas duas comunidades.

Para Michel Misse, sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos de Cidadania, Conflitos e Violência Urbana da UFRJ, é normal que, no processo de retomada de territórios, haja reações dos antigos "donos":

— É preciso ressaltar que esses territórios estavam sob o jugo de traficantes há pelo menos 30 anos. Nesse período, gerações cresceram em meio às regras impostas por criminosos, enquanto assistiam à polícia entrando e saindo das comunidades. Neste momento, é importante que o estado ganhe a confiança da comunidade com o policiamento comunitário. Para se consolidar esse projeto, o morador precisa ver o policial como aliado.

O especialista ressalta a importância de tratar o assunto com transparência. O que, na opinião dele, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, tem feito. Na quarta-feira, o secretário reafirmou que os episódios ocorridos na Mangueira e na Cidade de Deus fazem parte do processo de reconquista de territórios:

— Os moradores sofriam há anos nas mãos desse ditadores, que ainda tentam manter algum tipo de poder. O importante é mostrar ao morador e aos comerciantes que a polícia está lá para garantir a proteção deles.

E foi com esse objetivo que o comando das UPPs reforçou na quinta-feira o número de homens nas duas comunidades, permitindo o funcionamento normal do comércio. O que não havia acontecido no início da semana, quando remanescentes do tráfico percorreram o comércio ameaçando quem não fechasse as portas em luto pela morte de dois traficantes.

Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, ViníciusCavalcante defende a adoção, por parte das UPPs, de ações para ganhar a confiança dos moradores, que, para ele, ainda temem possíveis represálias. Para o coronel da reserva da PM Milton Corrêa da Costa, os casos da Mangueira e da Cidade de Deus são tentativas de desacreditar as UPPs e mostrar que o tráfico ainda exerce, através do medo, influência sobre a população.

Em outra área ocupada pela polícia para a instalação de uma UPP, a Rocinha, policiais civis prenderam na quinta-feira Thiago Martins Cafieiro, o FM, um dos dois acusados de assassinar com três tiros, em 26 de março, o líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão.

Matéria originalmente publicada no Globo Online