segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012: Eduardo Paes lidera pesquisas de intenção de votos em áreas controladas por milícias

'Paes é responsável por crescimento de milícias', diz Marcelo Freixo


O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), candidato à Prefeitura do Rio,afirmou ontem, na sabatina Folha/UOL, que o prefeito Eduardo Paes (PMDB), líder nas pesquisas de intenção de voto, é um dos responsáveis pelo crescimento da atuação das milícias na cidade.

Freixo, que presidiu CPI sobre o tema na Assembleia Legislativa do Rio, afirmou que o peemedebista tira vantagem eleitoral com a ação das quadrilhas.

O socialista respondeu a perguntas de Paula Cesarino Costa, diretora da sucursal do Rio da Folha, Cristina Grillo, secretária de redação da sucursal, Danuza Leão, colunista do jornal, e Josias de Souza, colunista do UOL, no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, zona sul do Rio.

Milícias
Freixo disse que Paes tem responsabilidade pelo crescimento das milícias na cidade. Ele afirmou que a atual gestão apoia financeiramente centros sociais e tira benefício eleitoral do controle territorial dessas quadrilhas.
"Ele não é dono de milícia. Mas tem responsabilidade no crescimento das milícias. [...] Significa que se possa prender o prefeito? Não é assim. Mas é necessário um debate sobre a responsabilidade política do quanto esses grupos criminosos têm na sua base eleitores que interessam não só à milícia, mas a muitos que lucram com esse domínio."
O candidato criticou a atual gestão por não ter feito licitação para motoristas individuais, proposta feita pela CPI das Milícias e apresentada ao atual prefeito em 2008.
"Tem foto publicada em vários lugares do atual prefeito com donos de cooperativas de vans, muitos deles indiciados, presos ou mortos."
Em 2009, a prefeitura realizou licitação para o transporte alternativo na qual só participariam cooperativas.
No ano passado, cancelou contratos após reportagem do "Fantástico" mostrar pagamento de propina nas cooperativas. As permissões passaram a ser individuais.
Procurado pela Folha, Paes não quis comentar.


UPPs
Freixo fez críticas ao projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Ele disse que a instalação se preocupa mais com o turismo na zona sul do Rio do que com a redução da violência na Baixada Fluminense, onde não há UPPs. "A UPP não é um projeto de segurança pública, é um projeto de cidade."

Falta de alianças
O candidato disse que a falta de alianças atrapalha por lhe dar pouco tempo de TV. Mas afirmou ter optado por uma "aliança com a sociedade civil" e criticou a megacoligação formada por Paes, com 20 partidos.

Chico e Caetano
Ele afirmou ser bom ter o apoio dos cantores Caetano Veloso e Chico Buarque. Mas minimizou o efeito da presença dos dois na campanha. "Ninguém ganha eleição por causa do apoio de artista."
Os dois farão show em um teatro do Leblon no dia 11 para levantar fundos para a campanha de Freixo.

Apoio de ricos
O candidato do PSOL atribuiu seu bom desempenho no eleitorado mais rico e escolarizado ao "acesso à informação". "Quem tem mais acesso à informação consegue ter mais simpatia. Não é porque é rico. Mas porque tem acesso à informação."

Olimpíada
Freixo disse que manterá "relação republicana" com o COI. E indicou que poderá rever decisões tomadas para os Jogos. "Vamos cumprir todos os contratos a começar por um: a Constituição."

Carnaval
Ele defendeu a criação de comissão para aprovar ou não a subvenção para escolas de samba e que não seja investido dinheiro público em enredos patrocinados. "A liberdade da escola é total [para escolher o enredo]. Mas se resolve vender o desfile a um patrocinador e usar o tempo de desfile para fazer propaganda, tira a necessidade de dinheiro público."

Ameaças
Freixo negou que tenha saído do país em novembro para explorar eleitoralmente as ameaças que sofria.

Matéria originalmente publicada na Folha de São Paulo