segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012: Eduardo Paes nega que evento com políticos envolvidos em crimes tenha sido secreto

Mas porque então prefeito, o senhor evita ser fotografado com políticos envolvidos com traficantes e milicianos que o apoiam?


RIO - Dois dias após participar do lançamento da campanha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB), onde dividiu o palanque com políticos investigados, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB, negou nesta quarta-feira que esta agenda tenha sido secreta.

Paes alegou que não poderia divulgar como compromisso oficial um evento organizado por outro candidato.

Paes pediu votos na noite de segunda-feira, na Taquara, num comício ao lado do deputado federal Eduardo Cunha e do deputado estadual Domingos Brazão, irmão de Chiquinho, todos do PMDB. Cunha e Domingos Brazão são investigados por irregularidades.

Nesta quarta-feira, Paes falou sobre a aparição ao lado da família Brazão, de Cunha e de outros aliados, como o deputado estadual Pedro Augusto (PMDB) e presidente regional da sigla, Jorge Picciani.

No último sábado, Paes já havia caminhado, em Campo Grande, na Zona Oeste, na companhia do candidato a vereador pelo PT Marcelo Sereno, afilhado político de José Dirceu, réu no mensalão e ex-ministro da Casa Civil do governo Lula.

Preocupação com candidatos

Na segunda-feira, antes de o prefeito seguir para o comício, a assessoria de imprensa de Paes, por duas vezes, negou ao GLOBO que o prefeito participaria de outro compromisso público ainda naquele dia.

A orientação da cúpula da campanha de Paes é de que o prefeito não inclua na agenda pública eventos com candidatos a vereador da coligação do PMDB, que conta com outros 19 partidos. A preocupação é evitar constrangimentos ao ser fotografado ao lado de políticos envolvidos em crimes, principalmente com milícias e com tráfico.


Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha é investigado por suposto tráfico de influência na Refinaria de Manguinhos. Brazão consta no inquérito da Polícia Federal que investigou a máfia dos combustíveis no Rio, em 2004, que adulterava o produto e o vendia com notas fiscais falsas. Ele não é réu no processo da Justiça Federal.

Contra Brazão, ainda há dois inquéritos no Ministério Público. Um apura o suposto envolvimento dele e de assessores em pagamentos irregulares do auxílio-educação na Assembleia Legislativa do Rio; o outro, o possível uso irregular de tarifa social na conta de água (benefício dado pela Cedae à população carente) por condomínios de classe média em troca de votos, em 2006.

Matéria originalmente publicada no O Globo Online