segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012: Eduardo Paes não responde a temas polêmicos em debate no Rio; Marcelo Freixo liga prefeito a milícias


O atual prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), preferiu não responder a temas polêmicos durante o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura, realizado pela "TV Bandeirantes", na sede da emissora, na zona sul da cidade.

Em uma das situações nas quais foi confrontado pelos adversários, Paes teve seu nome ligado a milícias que atuam na zona oeste do Rio. Também participaram do debate os candidatos Rodrigo Maia (DEM), Otávio Leite (PSDB) e Aspásia Camargo (PV).



Líder da CPI das Milícias, realizada em 2008, o candidato do PSOL, Marcelo Freixo, afirmou ter recomendado ao prefeito que fizesse licitações individuais para regulamentar o transporte alternativo no Rio (vans e kombis). "Você não só não cumpriu isso como, em 2009, se reuniu com uma série de pessoas que foram indiciadas no relatório da CPI, sendo que algumas estão presas hoje", disse.

Na ocasião, o governo municipal optou por realizar o processo licitatório através de cooperativas. De acordo com o resultado da CPI das Milícias, muitas cooperativas eram parcialmente ou totalmente controladas pelos grupos paramilitares que atuam, em especial, nos bairros de Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste.

Freixo também reclamou de um suposto "silêncio" do governo municipal a respeito da política de expansão do metrô na cidade. Em sua tréplica, Eduardo Paes ignorou o discurso do adversário e manteve a estratégia de enaltecer os feitos de sua gestão, citando o sistema BRT (Bus Rapid Transit) e afirmando que a expansão do metrô, projeto realizado pelo governo do Estado, conta com o apoio da gestão municipal.

"O prefeito não é comentarista do que se faz na cidade, o prefeito tem que trabalhar", disse Paes, que não fez qualquer citação a milícias em suas falas durante todo o debate. Em 2006, quando concorria a seu primeiro mandato como prefeito do Rio, Paes se envolveu em uma polêmica semelhante. Na ocasião, ele utilizou a expressão "polícia mineira" para se referir a milícias de Jacarepaguá, e afirmou que esses grupos deram "tranquilidade para a população".
O debate

Logo na abertura do primeiro bloco do debate da "TV Bandeirantes", o candidato do PSDB, Otávio Leite, fez uma menção ao julgamento do mensalão, que teve início nesta quinta-feira (2) --sendo esta a única citação ao mensalão em todo o debate.

"Hoje é um dia histórico no Brasil. É a data do julgamento do mensalão. Queria pedir a todos que convergíssemos as nossas esperanças e energias para que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha luz e realmente puna todos aqueles que praticaram essa violência contra a democracia, instalando uma máfia dentro do Palácio do Planalto", afirmou.

Em seguida, todos os participantes do debate responderam a perguntas feitas por cidadãos. Rodrigo Maia (DEM), que foi questionado sobre o problema do trânsito na cidade, mudou o foco do início de sua resposta para alfinetar o rival do PMDB, que anteriormente havia sido contestado a respeito da atuação dos camelôs na capital fluminense.

"De fato, os camelôs nos últimos anos foram perseguidos e não reassentados", disse ele ao comentar a resposta dada pelo adversário.

As questões relacionadas ao trânsito e às políticas de transporte público foram os principais pontos do segundo bloco. Freixo escolheu Paes para que ele respondesse sobre um suposto "silêncio" do governo municipal a respeito da expansão do metrô na cidade, e questionou as razões pelas quais o atual prefeito teria privilegiado o modelo rodoviário.

Ao observar que o rival optou por não se aprofundar no assunto, que se defendeu mencionando o projeto do BRT (Bus Rapid Transit), Freixo partiu para o ataque:

"Pelo visto o silêncio em relação ao metrô vai continuar. Esse sim é transporte de massa. Ônibus não é transporte de massa nem no Rio nem em qualquer lugar do mundo. Você sabe disso, vocês viajam muito no PMDB. Se você for para Paris ou Londres, lugares que são muito frequentados por lideranças política do Rio [citando o governador do Estado, Sérgio Cabral, que foi fotografado jantando na capital francesa com o empreiteiro Fernando Cavendish], vai perceber que o metrô funciona", disse.

"Eu quero dizer que a licitação que você fez em 2010 para os ônibus, a que indicou o BRT, [sistema no qual] vocês anunciam que vai carregar 30 mil por hora, sendo que o BRT [cada ônibus] tem 160 vagas. Ou seja, só se passar um BRT a cada 20 segundos. Então não é verdade o que vocês dizem. Na licitação de 2010, o Tribunal de Contas do Município viu indícios fortíssimos de formação de cartel. É isso que tem por trás do seu grande apoio a Fetranspor", completou Freixo.